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De acordo com a reportagem da Folha, assinada pela repórter Andréia Sadi, o caso está sob análise na Justiça Federal do Paraná e não foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República porque Anastasia só foi diplomado às vésperas do recesso do Judiciário. Em depoimento prestado em 18 de novembro, diz o jornal, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho disse que entregou o dinheiro a Anastasia em sua própria casa, em Belo Horizonte, a mando de Youssef.
“Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no Estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal. Estranha-se assim o motivo da alegada entrada de recursos. Por outro lado, pelo que se vê do dito depoimento, também é muito estranho o alegado encontro de um governador de estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro”, disse Anastasia.
Segundo o ex-governador, a “acusação falsa e absurda” pode ser uma “estratégia” dos culpados com o objetivo de “misturar falsidades com fatos verdadeiros [sic]”. Ele informa ainda que já tomou providências para que os fatos sejam esclarecidos judicialmente, inclusive recorrendo a acareações, para que seja demonstrada “a inverdade do depoimento”.
União tucana
Tão logo o assunto repercutiu na imprensa, o próprio senador Aécio Neves (PSDB-MG), que goza de férias do Parlamento, também se apressou em divulgar nota para defender o correligionário. Em seu perfil no Facebook, Aécio disse que, em vez de se intimidar com as denúncias, o PSDB “redobrará os esforços” na cobrança por resultados das investigações da Lava Jato. Espera-se para fevereiro a apresentação de denúncias contra políticos por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“A falsa e covarde acusação não se sustenta em pé, seja pelo caráter e honestidade pessoal do senador, reconhecidos até mesmo por seus adversários políticos, seja pela falta de nexo na história apresentada: Um nome de clara oposição ao governo federal sendo financiado por uma organização criminosa, formada por pessoas e diretores ligados à gestão do PT na Petrobras. Alguém acredita que um governador de Estado se reuniria pessoalmente numa garagem com um emissário desconhecido para receber dinheiro?”, disse Aécio, classificando o “petrolão” como “o maior escândalo de corrupção da história do país” e produzido nos últimos 12 anos, justamente durante as gestões petistas.
Confira a íntegra da nota de Anastasia:
“Tomado de forte indignação, reporto-me a notícia publicada hoje pela imprensa que se refere ao depoimento de um policial no âmbito da operação Lava-jato, que alega ter entregue a mim dinheiro em 2010.
Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como Governador de Minas Gerais não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no Estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal.
Estranha-se assim o motivo da alegada entrega de recursos. Por outro lado, pelo que se vê do dito depoimento, também é muito estranho o alegado encontro de um Governador de Estado em uma casa que não é sua, com um desconhecido, para receber dinheiro.
Por fim, o mais importante, acresço que minha vida pública é bem conhecida dos mineiros. Meu único patrimônio é o moral, não tendo amealhado bens no exercício dos diversos cargos públicos. Sempre tive exemplar comportamento, reconhecido por todos. Uma acusação falsa e absurda como esta me leva a completa indignação e mesmo revolta. Não sei o motivo de tal inverdade no âmbito desta operação, mas sem dúvida misturar falsidades com fatos verdadeiros possa ser uma estratégia dos culpados.
Diante deste depoimento, que tive conhecimento ontem, pelo jornal, já constitui advogado com o propósito de solicitar o completo esclarecimento do episódio, por todos os meios possíveis, inclusive acareação com o acusador, verificação de qual seria a tal casa, a data deste alegado encontro, o meio de locomoção utilizado e todos os demais elementos para demonstrar, de forma cabal, a inverdade do depoimento.”