“O nosso mandado de segurança pretende extinguir os efeitos da segunda votação. Eliminar esse precedente perigoso do mundo jurídico para evitar que ele seja utilizado imediatamente, inclusive, pelo deputado Eduardo Cunha e aplicar integralmente o dispositivo constitucional com base na primeira votação, que cassou o mandato da presidente”, explicou o senador em vídeo publicado no Facebook.
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Alvaro Dias afirmou que o conteúdo do pedido do destaque é inconstitucional. Depois de ser questionado na sessão de ontem (quarta, 31), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a decisão da Casa era “soberana”, e que caberia aos parlamentares decidir sobre a matéria – entendimento também anunciado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que conduziu os trabalhos na reta final do impeachment. O senador critica o fato de o destaque não ter sido discutido e votado pelo plenário.
“Nós não deliberamos sobre o fatiamento do dispositivo constitucional. A deliberação se dá em uma única votação e já há jurisprudência no caso Collor. Repito, essa deliberação deveria ser por maioria simples e o destaque seria derrubado”, acrescentou Alvaro Dias.
“Essa deliberação deveria ser por maioria simples, portanto o resultado da segunda votação (42 votos sim a 36 não) derrubaria o destaque e nós não teríamos a segunda votação. Aplicaria-se integralmente os dispositivos constitucionais que preveem cassação e perda dos direitos políticos por 8 anos”, acrescentou o senador.
Questionado sobre a possibilidade de o mandado de segurança protocolado no STF anular todo o rito do impeachment, Alvaro Dias explicou: “Não anula. Nós estamos questionando a eliminação do precedente para eliminar os efeitos da segunda votação porque ela se tornou inconstitucional. O que nós estamos pedindo é para apagar esse precedente perigoso. A votação se deu de maneira constitucional, a segunda votação que é inconstitucional e tem que ser expurgada do mundo jurídico”.
O senador explicou que a decisão de protocolar o documento foi uma opção pessoal, e que o partido ainda vai decidir se avaliza a iniciativa.
“Rachadura”
Antes mesmo do resultado final, a decisão de fatiar a votação minutos antes do início da apuração dos votos gerou, ainda de acordo com o senador, gerou um “tumulto” na base aliada de Temer no Senado. O acordo foi costurado por Renan Calheiros, que votou pela perda do mandato e pela manutenção do direito da agora ex-presidente exercer funções públicas. “No Nordeste, costumam a dizer uma coisa com a qual eu não concordo: ‘além da queda, coice’”, discursou, justificando que o seria uma forma de punir Dilma Rousseff com ponderação.
“A fotografia mostra ausência de unidade, e conquistar isso é tarefa do presidente. Há desconforto, insatisfação e nervosismo na base aliada de Temer”, avaliou o senador do PV.
A decisão desagradou ao DEM e ao PSDB, que ameaçam recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão. “Nós estamos aqui aplicando a Constituição. A Constituição não pode ser reformada por uma votação aqui no Senado, a Constituição diz com toda clareza que essas penas devem ser aplicadas conjuntamente”, defendeu o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder do governo no Senado.
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