Após 30 dias do início do ano letivo, pelo menos 1.450 instituições de ensino do Distrito Federal (DF) não têm livros suficientes para todos os alunos matriculados. Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelo Programa Nacional do Livro Didático, essas escolas optaram por livros da Editora IBEP, que não cumpriu os prazos de postagem. Além disso, segundo o FNDE, a projeção do material didático necessário para todo o ano letivo é feito com base no censo escolar, e o número de matrículas efetivadas superou a projeção para este ano.
Cláudia*, estudante do 9º ano da Escola Classe 8, em Taguatinga, região a 30 quilômetros do centro de Brasília, confirma que parte dos alunos está sem livros. “Quem pegou livros depois do carnaval, só recebeu três, e não tem os outros.” Na escola de Cláudia, faltam livros para quatro matérias: história, geografia, inglês e artes.
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No Centro de Ensino Fundamental 11, também em Taguatinga, a situação é ainda pior: nenhum dos livros foi entregue e as crianças do 6º ano estão sem material didático. “A tia [professora] estava escrevendo no quadro, e a gente estava copiando no caderno porque não tem livro”, conta Beatriz*, de 11 anos.
A Secretaria de Educação do DF admite a falta de livros e diz, em nota, que trabalha para garantir que as séries afetadas recebam o material o quanto antes. A secretaria também responsabiliza o FNDE, que tem a função de distribuir os livros por meio do Programa Nacional do Livro Didático. A secretaria diz que o conteúdo não sofre prejuízo.
Para João*, entretanto, pai de Cláudia e Beatriz, falta clareza nas informações, já que a secretaria não faz previsões sobre quando o problema será resolvido.
“Estou com duas meninas matriculadas na rede pública de ensino. Elas não receberam os livros até agora. Já vai fazer um mês de aula, o conteúdo todo está atrapalhado, e as professoras não têm mais o que nos dizer para explicar o atraso na entrega. Os alunos têm que sentar juntos porque não tem livro. A professora disponibiliza pouco material didático porque senão fica muito caro ficar tirando xerox e levando para a escola.”
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A reclamação contra a Editora IBEP, responsável pelos livros que deixaram de ser entregues no DF, não é exclusiva dos alunos de Brasília e região. No site Reclame Aqui, há mais de 50 internautas relatando problemas.
A reportagem tentou ouvir a editora, que não respondeu aos contatos por e-mail e telefone.
De acordo com o FNDE, a previsão é que a situação dos livros seja regularizada até o fim de março.
Quem se sentir prejudicado deve reclamar nas ouvidorias do Ministério Público do Distrito Federal, ou do próprio governo do Distrito Federal, que só podem tomar providências a partir desses relatos.
*Os nomes são fictícios a pedido dos entrevistados
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