Os deputados aliados ao presidente Jair Bolsonaro prometem investigar o responsável por ter vazado o áudio em que o presidente fala sobre a intenção de colocar o filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no lugar do Delegado Waldir (PSL-GO) na liderança do PSL na Câmara. Parlamentares como Filipe Barros (PSL-PR) e Bia Kicis (PSL-DL), que classificaram a divulgação como uma atitude canalha e abjeta, acreditam que essa pessoa deve ser revelada ao público para ser punida pelos eleitores. “Triste fim de um certo alguém”, disse Bia Kicis.
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“O canalha que gravou o Presidente da República e vazou para imprensa, precisa ser revelado ao público. Eu tenho minhas suspeitas. Estamos investigando”, afirmou Filipe Barros nas redes sociais, defendendo a participação de Jair Bolsonaro nas decisões do partido no Congresso. “O presidente é do PSL. Portanto, nada mais natural que ele participe dos processos decisórios do partido”, afirmou.
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Destituída do comando do PSL no Distrito Federal por conta da crise interna no partido, a deputada Bia Kicis sugeriu até retaliações ao responsável pela divulgação. “Um deputado do PSL teve a ousadia de gravar sua conversa com o presidente Jair Bolsonaro, em que ele lhe pediu apoio p/ a mudança do líder. Alguém dúvida necessidade dessa mudança? Mas gravar o presidente foi o ato mais abjeto de que já tive notícia. Triste fim de um certo alguém”, escreveu a deputada nas redes sociais.
Carlos Jordy (PSL-RJ) também criticou o responsável pela divulgação do áudio de Bolsonaro e, como sugeriu o próprio presidente, disse que a gravação foi ilegal. “Já vi muita trairagem com o presidente Bolsonaro, mas essa gravação clandestina da conversa entre ele e um deputado do PSL em q ele pede p/ assinarem a lista p/ mudança de líder merece o prêmio traidor sangue puro”, afirmou. Jordy ainda elevou o tom no Twitter, dizendo que o responsável por isso “vende até a mãe se necessário”. “Um rato tem mais caráter que você!”, atacou.
Filipe Barros admitiu, por sua vez, que, como a liderança e a presidência do PSL estão nas mãos do Delegado Waldir e de Luciano Bivar, não será possível punir o responsável pelo vazamento do áudio pelas vias legais do partido. Mesmo assim, acredita que expor essa essa pessoa será uma punição suficiente. “É nosso dever levar essa pessoa a público. E a punição mais grave é com o eleitorado. Já basta”, disse.
PublicidadeJá o presidente Bolsonaro evitou falar sobre o áudio que é atribuído a ele e tem circulado na internet. Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira (17), ele disse apenas que foi uma “desonestidade” gravar essa conversa através de um “grampo”.
Na gravação, Bolsonaro diz que está ligando para os deputados para conseguir as assinaturas necessárias para destituir o Delegado Waldir e lembra que o líder do partido tem poderes como o de indicar cargos e repasses do fundo partidário. Segundo o Delegado Waldir, que é aliado do presidente do partido, Luciano Bivar (PE), Bolsonaro chegou até a oferecer vantagens aos deputados que apoiassem a indicação de Eduardo Bolsonaro para a liderança. Para Waldir, que logo se articulou com os aliados de Bivar para continuar na liderança do PSL, foi uma interferência do Executivo no Legislativo.
Filipe Barros, por sua vez, rebate a acusação do Delegado Waldir. Para ele, o deputado goiano “não sabe o que fala” e “usava a estrutura da liderança partidária para boicotar” o presidente Bolsonaro na Câmara.
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