Exclusivo: 2 mil brasileiros estão jurados de morte
Alvo de uma disputa judicial, o quilombo fica em uma área controlada pela Marinha, que obriga os moradores a passarem por um portão controlado pelos militares para chegarem às suas casas.
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Ednei contou ter sido agredido após ser abordado por quatro sargentos da Marinha ao retornar ao quilombo, localizado entre os municípios de Salvador e Simões Filho. Ele apresentava vários hematomas nos braços e no olho. Segundo Ednei, dois sargentos agrediram sua irmã Rosi Meire com chutes e murros na frente de duas filhas dela. Os irmãos alegam que os militares apontaram arma em suas bocas e os detiveram por algumas horas.
O Ministério Público Federal abriu ontem (7) inquérito para investigar o caso e pediu ao comando da base naval cópias da fita de segurança da portaria de acesso, onde ocorreram as agressões. O procurador Regional dos Direitos do Cidadão substituto, Edson Abdon, também quer saber por quanto tempo os irmãos ficaram detidos.
Em nota, a Marinha alega que os irmãos foram detidos depois de ameaçarem os sentinelas em serviço. Segundo o Comando do 2º Distrito Naval, Rosi Meire tentou se apoderar da arma de um dos militares.
PublicidadeO Ministério Público Militar informou que vai apurar a denúncia. A área é palco de disputa judicial e territorial entre a Marinha e os quilombolas desde a década de 1960, quando a prefeitura de Salvador doou a área aos militares. Atualmente, 70 famílias vivem na comunidade.
“Os moradores relatam que a tensão no local é constante, sendo a agressão a Rosi Meire e Ednei apenas o último caso”, diz a Justiça Global. “Os dois já se encontraram com a presidente Dilma Rousseff, que costuma passar o fim de ano na região do quilombo e prometeu seguidas vezes interceder pela comunidade”, acrescenta a entidade. Dilma voltou da Base Naval de Aratu na última segunda-feira, mesmo dia da agressão, após passar dez dias de férias na região com a família. A presidenta já passou outros períodos de descanso na região.
Em 2012, a ONG e outras entidades de defesa de direitos humanos apresentaram à ONU, à OEA e à Organização Internacional do Trabalho (OIT) documento em que denunciava diversas violações de direitos humanos cometidas pela Marinha contra a comunidade quilombola Rio dos Macacos.
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