Eduardo Militão
O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou nota nesta quarta-feira (20) em que nega a produção de dossiês contra José Serra (PSDB), candidato do partido à Presidência. Na nota, ele também afirma nunca ter tido relações com o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Segundo a Polícia Federal, o então repórter do jornal Estado de Minas obteve dados fiscais sigilosos de familiares de Serra.
Em depoimento à PF, Amaury diz que, em 2007, tomou conhecimento que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) dirigia um grupo que, a pedido de Serra, fazia investigações contra Aécio. Assim, o jornalista decidiu investigar quem fazia o tal dossiê e por qual razão. Em setembro de 2009, Amaury recebeu os dados fiscais das pessoas ligadas a Serra. Ele afirma ter entregue ao jornal um relatório com todas as informações, mas elas não foram publicadas.
Hoje, Aécio disse em nota repudiar a “tentativa de vinculação” de seu nome com “graves ações envolvendo o PT” e Amaury, “a quem não conheço e com quem jamais mantive qualquer tipo de relação”.
O senador eleito foi governador de Minas Gerais até março deste ano. Entre 2007 e 2010, travou com José Serra uma disputa interna no PSDB para ver quem seria o candidato a presidente dos tucanos.
Na nota, Aécio demonstra rejeitar insinuações de que o fato de as informações contra Serra não terem sido publicadas pelo jornal, com quem mantém boas relações, significa que teria em seu poder um dossiê contra o adversário na disputa interna entre os tucanos. “Tal prática jamais fez parte da minha história política em 25 anos de vida pública”, afirma o senador eleito.
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), acusou os petistas de criarem um “factoide” para prejudicar Serra no momento em que ele obtem o apoio de Aecio na disputa contra Dilma Rousseff (PT) pela Presidência. Em nota, o tucano afirma que a Polícia Federal divulgou o depoimento de Amaury para “criar constrangimentos” para o partido.
A PF divulgou hoje à tarde o teor dos depoimentos após reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre o caso. Em entrevista coletiva, uma advogada do PT queixava-se que, mesmo sem ter acesso ao inquérito, que é sigiloso, as informações eram repassadas ao público. Ela buscava ter acesso ao menos às declarações gravadas dos delegados que concediam a entrevista. A PF colocou na internet a íntegra dos áudios.
Central de espionagem
Em resposta, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse após a coletiva da Polícia Federal que as investigações devem se voltar para a “central de espionagem” do PSDB. Ele disse que pedirá à PF que investigue a existência do grupo, que era liderado por Marcelo Itagiba, segundo depoimento de Amaury.
“Essa possível vinculação comprova tudo o que a direção do PT vem afirmando desde o início das investigações pela Polícia Federal sobre o caso, que em nenhum momento foi feita qualquer encomenda ou autorizada pela campanha de Dilma a montagem de qualquer tipo de dossiê”, disse Dutra, de acordo com comunicado do PT.
Mas Amaury disse em depoimento à PF que foi convidado a participar da pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência, embora não tenha aceito. O objetivo era participar de um grupo de informações de inteligência. Amaury ainda diz que uma cópia do relatório com dados sigilosos sobre a família de Serra e de tucanos ligados a ele foi obtido de seu computador portátil quando estava num apartamento em Brasília de uma pessoa ligada ao PT.
Em nota, o jornal Estado de Minas confirma que nenhuma reportagem sobre Serra foi publicada por Amaury durante os três anos que trabalhou para o veículo de comunicação. Mas a direção do não faz menção se o repórter chegou a levantar informações sobre o tema ou entregou ao jornal veículo um relatório com suas investigações.
A íntegra da nota de Aécio
Informação à Imprensa
“Repudio com veemência e indignação a tentativa de vinculação do meu nome às graves ações envolvendo o PT e o senhor Amaury Ribeiro Jr., a quem não conheço e com quem jamais mantive qualquer tipo de relação. Tal prática jamais fez parte da minha história política em 25 anos de vida pública. Como disse o senador Sergio Guerra, quem deve explicações aos brasileiros é o PT, já envolvido anteriormente na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e, agora, na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB. Lamento profundamente que tais ocorrências contaminem um processo eleitoral que deveria ser marcado pelo debate de ideais e de avanços para o país”.
Senador Aécio Neves.
20 de outubro de 2010
A íntegra da nota do PSDB
Nota do PSDB
Sérgio Guerra: Ao contrário do PT, criação de grupos de espionagem não é prática de campanhas do PSDB
Na sua enorme arrogância, o PT acha que o Brasil é feito de tolos. A poucos dias das eleições, justamente no momento em que José Serra e Aécio Neves percorrem juntos o Brasil na defesa de um país mais ético e mais justo, o PT tenta ressuscitar mais um factóide que tem como único objetivo tentar provocar a divisão das forças que se unem pela vitória de José Serra.
Essa nova tentativa do PT demonstra, na verdade, a gravidade dos fatos ocorridos no âmbito da coordenação da campanha da candidata Dilma Rousseff e, agora devidamente comprovados, merecem o repúdio das forças democráticas brasileiras.
A criação de grupos de espionagem, ora nomeados de inteligência, não é prática das campanhas do PSDB em Minas, São Paulo ou de qualquer outro estado. Assim como não ocorreram nos governos do PSDB violações de sigilos bancários, das quais foi vítima o caseiro Francenildo. Também não foram nas administrações do PSDB que nomearam Erenice Guerra e apagaram fitas de segurança do Planalto.
O PT dá mais uma mostra de uso político das instituições do Estado, de como usa o governo para atender os seus objetivos políticos. Há quatro anos, um petista foi preso com uma mala cheia de dinheiro para comprar dossiê contra políticos do PSDB. Apesar de ter sido preso em flagrante com o dinheiro, o petista foi liberado e, até hoje, a Polícia Federal não explicou ao país de onde veio o dinheiro da mala do PT.
Agora, a mesma Polícia Federal que diz que só vai investigar o escândalo de Erenice Guerra depois das eleições, surge com um depoimento com o claro objetivo de tentar criar constrangimentos ao PSDB.
Embora o depoimento não tenha sequer sido divulgado, o PT se apressa em espalhar versões dos fatos que tentam afastar do partido a certeza que todo brasileiro hoje tem: quem tem a infração e o desrespeito à legalidade no seu DNA é o PT e não o PSDB.
Senador Sérgio Guerra
Presidente Nacional do PSDB
Brasília, 20 de outubro de 2010
Íntegra da nota do jornal Estado de Minas
Nota do Estado de Minas
O Estado de Minas é citado por parte da imprensa no episódio de possível violação de dados fiscais de pessoas ligadas à atual campanha eleitoral. Entende que isso é normal e recorrente, principalmente às vésperas da eleição quando os debates se tornam acalorados.
O jornalista Amaury Ribeiro Júnior trabalhou por três anos no Estado de Minas e publicou diversas reportagens. Nenhuma, absolutamente nenhuma, se referiu ao fato agora em questão. O Estado de Minas faz jornalismo.
A Direção
PF confirma elo de jornalista na quebra de sigilo
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