O ministro Admar Gonzaga votou pela absolvição da chapa de Dilma Rousseff/Michel Temer no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pede a cassação da chapa. O magistrado entendeu que não houve crime de abuso de poder econômico e político alegado na ação impetrada na corte pelo PSDB. “Não reconheço a prática de abuso”, ressaltou ao final do seu voto que levou quase uma hora para ser concluído. Logo no começo do voto, Admar rechaçou o pedido de suspeição feito pelo vice-procurador-geral Eleitoral, Nicolao Dino, que de tentava impedir sua participação no julgamento alegando que o ministro tinha sido advogado da ex-presidente na sua primeira campanha, em 2010.
“Nós temos verificado essa astucia de trazer pouco antes da minha manifestação uma espécie de constrangimento que eu não merecia. […] Esse tipo de represamento tático não vai me constranger. Engana-se quem pensa que estou aqui constrangido”, ressaltou. Após suas considerações, Admar defendeu que a corte ignore as novas provas surgidas com delações premiadas dos donos e executivos da empreiteira Odebrecht e do casal de marqueteiros da campanha de 2014, João Santana e Mônica Moura, juntadas ao processo pelo relator Herman Benjamin.
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“Entendo que o julgamento da causa deve ficar restrito às alegações constantes nas inicias e acrescento que não levarei em consideração aquilo que foi acrescido desde o dia 1º de março deste ano”, ressaltou. Admar foi irônico ao contestar a tese do relator Benjamin: “Todo aquele dinheiro, seja qual for a contribuição ilícita que tenha feito, estaria contaminado? […] Portanto, vamos fechar as portas dos partidos. Estão contaminados. Estão todos contaminados”. De acordo com o ministro, não há como fazer juízo de presunção contrariamente a todos esses depoimentos de pessoas que estão como delatores. “Eu não posso presumir que esse dinheiro tenha sido aportado [na campanha]”.
Admar foi protagonista de uma de um bate-boca com Herman na tarde de ontem (quinta-feira, 8). O ministro se irritou com Benjamin quando o relator apontou a utilização de caixa um, caixa dois e caixa três na campanha e pediu que Admar prestasse atenção, já que ele havia feito declaração sobre seu voto. O ministro afirmou que o objetivo do relator era “constranger os colegas”. “Quando eu falo de caixa dois não é para constranger. Ninguém aqui se constrange. […] Nós seremos constrangidos por nossos atos, não por nossos colegas”, rebateu Herman.
Admar é novato no TSE. Ele chegou ao tribunal em 2013, indicado pela então presidente Dilma Rousseff, na condição de ministro substituto. Em março passou à condição de titular, em substituição ao ex-ministros Henrique Neves. Formado em Direito pelo UniCeub, faculdade de direito de Brasília, ele foi servidor do Banco do Estado de Santa Catarina, assistente legislativo da Câmara e analista legislativo.
O ministro entrou no TSE em vaga destinada a um representante da advocacia e atuava como defensor de candidatos e partidos como o Partido Social Democrata e também de antigas legendas como PPB e PFL, já extintas.
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