O sorriso largo da cantora baiana Margareth Menezes costuma contagiar multidões em shows no Brasil e no exterior. Nada mais adequado, pois, que essa transmissão de alegria da musa do axé seja transposta para o movimento + Feliz, criado para estabelecer como dever do Estado brasileiro a busca da felicidade para os cidadãos.
O movimento ganhou a simpatia de diversos setores da sociedade civil. Um número crescente de entidades, artistas, intelectuais e outras personalidades, com base na experiência de outros países, quer incluir na Constituição Federal esse direito, possibilitando reforçar as obrigações do Estado em áreas como a garantia de saúde, educação e proteção social.
“Quando me convidaram, gostei muito. A gente precisa desse tipo de comunicação, e eu vejo o movimento de uma forma bem otimista. É muito bom poder ajudar, compartilhar um pouco do que a gente faz”, disse Margareth, em entrevista ao Congresso em Foco. A cantora acha que a “fábrica cultural” que caracteriza o povo brasileiro serve como um “canal bacana” entre instituições, empresas, personalidades que querem incluir a discussão nos círculos sociais.
“O Brasil está em um processo de conscientização por parte da sociedade. A gente vê uma falha principalmente no setor da comunicação”, observou Margareth. Ela acredita que o país não dá a devida importância à educação e carece de “gente qualificada” para difundir os direitos sociais. “Os governos não prepararam o cidadão brasileiro. Sempre foi negada a grande parte do povo brasileiro a oportunidade de se preparar. Quando a sociedade civil se mobiliza é porque quer um Brasil melhor.”
Acostumada a espalhar alegria em carnavais fora de época, Margareth é uma das personalidades que vão atualizar a discussão sobre a importância da busca pela felicidade. Para tanto, já há soldados atuando na linha de frente do Congresso: o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) encampou a ideia, e tenta reunir as 27 assinaturas necessárias para apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que dará a seguinte redação ao artigo 6º da Carta Magna:
“Art. 6º. São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Margareth acredita que a pluralidade étnica e cultural do povo brasileiro, acostumado à superação das adversidades, dá o tom adequado ao movimento. “O brasileiro é feliz, tem a ver com a mistura que a gente tem. E existe um sentimento de superação muito bacana, que se diferencia. Essa campanha traz isso”, destaca a cantora, ressalvando que a alegria nata do brasileiro “não é alienação”.
Questionada sobre as chances de realização do movimento em termos práticos, Margareth demonstra otimismo. Ela ressalta, no entanto, que a letra constitucional “não pode ficar só no abstrato” para que o cidadão tenha acesso aos seus direitos sociais.
“O político brasileiro precisa ter uma consciência maior do valor do próprio povo brasileiro. Se a gente cumprir uma parte que seja dos direitos humanos previstos na Constituição, poderemos viver muito mais felizes”, arrematou, mencionando os pilares sociais da saúde, moradia, educação e trabalho.
“Ainda não temos consciência da importância disso [a alegria nata da população], que é tão natural e tão poderoso. O movimento serve para levantar cada vez mais a bola de nosso povo, acender essa alegria que é tão forte”, finalizou a musa do carnaval baiano.
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