Em meio às permanentes notícias sobre a corrupção endêmica que abraçou o país, a ebulição em torno de mais uma tentativa de reformar o sistema político e as dúvidas relacionadas à estabilidade política necessária para o prosseguimento do processo de mudanças e reformas estruturantes, a economia começa a esboçar, ainda que timidamente, a geração de boas notícias.
Uma conceituada revista semanal, especializada em economia, estampou na sua capa do final de semana a manchete: “Recuperação começou”. E qualifica abaixo: “O desemprego cai 5%. As vendas de carro sobem 4%. A exportação está em alta. Um conjunto de dados mostra que a economia brasileira toma um primeiro impulso e tem tudo para engatar o crescimento – desde que a política não estrague”.
É evidente que há um abismo a separar a sociedade e o sistema político. A política não tem sido fonte de boas notícias. Mas é também verdade que apenas o sistema político pode produzir decisões para nos tirar do atoleiro em que o governo Dilma meteu o país.
E o tem feito. A recente revolução produzida nas regras que regem as relações trabalhistas começará a gerar efeitos positivos no emprego e na produtividade. As mudanças no marco regulatório do pré-sal e a reengenharia gerencial na Petrobras começam a redinamizar o setor. O agronegócio continua dando show de competência, inovação e resultado. O novo marco da mineração enviado ao Congresso deve modernizar o segmento.
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A experiência recente demonstra a ineficácia de certas políticas de indução ao desenvolvimento. O recente Programa de Sustentação do Investimento (PSI) consumiu em cinco anos R$ 500 bilhões que poderiam ter ido para saúde, educação, saneamento ou segurança e, no entanto, as taxas de investimento (FBKF) caíram, e o Brasil experimentou a maior recessão de sua história.
PublicidadeA medida revela uma visão renovada do capitalismo contemporâneo. Precisamos nos libertar do capitalismo cartorial, da cultura da “sociedade da meia-entrada”, da tutela estatal, e acordar para o empreendedorismo, a inovação, a competitividade, a inserção na economia global, além de respeitar as sinalizações de mercado.
A redução dos subsídios é necessária neste momento de grave crise fiscal. Não é justo o contribuinte transferir renda para empresas que são subsidiadas e não investem com capital próprio. Não é justo que o patrimônio dos trabalhadores, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que arca com o abono salarial e o seguro desemprego, seja remunerado muito abaixo das taxas de mercado.
A aprovação da MP 777 é mais um passo para a retomada do desenvolvimento. Que a política não atrapalhe.
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