O senador Pedro Simon (PMDB-RS) recorreu à ironia para comentar a notícia, publicada hoje (22) pelo jornal Folha de S.Paulo, de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), utilizou um helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para se deslocar de São Luís para sua ilha no litoral próximo à cidade. “Sarney é que nem o papa. Há 30 anos, o que ele faz está feito”, resumiu, resignado. Como informou o jornal, um cidadão com traumatismo craniano e clavícula quebrada teve de esperar a aeronave atender primeiro ao ex-presidente da República, que disse em nota não ter infringido lei alguma.
“O Sarney hoje é uma figura institucional, não é? Ele é que nem o papa – se ele usou, usou bem. Não sei nem de quem foi, nem por que foi, mas usou e pronto. Não sei explicar nada para ninguém”, ironizou Simon, demonstrando descrença acerca de uma eventual punição, ou mesmo algum tipo de reprimenda, ao colega de partido. “Se ele usou, está usado.”
Confrontado com a informação de que o passeio de Sarney prejudicou o atendimento de um cidadão acidentado, Simon prosseguiu na ironia. “Mas era hora de esse cidadão ficar doente? [Que ele] esperasse o Sarney fazer o passeio e, depois, ficasse doente. Não adianta vocês cobrarem de mim, Sarney está acima do bem e do mal”, resignou-se o peemedebista. “Há 30 anos, o que ele faz está feito.”
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Simon deu como exemplo de tal “soberania” o fato de, em 2009, durante a escolha do novo presidente do Senado, o então presidente Lula ter orientado os senadores do PT a não votar no próprio representante do partido, o atual governador do Acre, Tião Viana. Em nome da aliança com o PMDB e das boas relações na base governista, Lula queria o voto da bancada em Sarney– que acabaria por assumir, pela terceira vez até então, o mais importante posto do Legislativo brasileiro (o senador já está no quarto mandato não consecutivo à frente da Presidência da Casa). Na atual legislatura, venceu a disputa contra Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que surpreendeu ao receber oito votos (relembre e assista aos vídeos com os discursos dos concorrentes).
Simon classificou como “ridículas” caronas como a do agora ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, demitido após viajar em jatinho de empresa privada beneficiada em contratos com a pasta. “É evidente que não pode. Isso é uma coisa ridícula, nunca pôde. Até houve um momento em que o governo do Lula tinha determinado que [autoridades] só podiam viajar nos aviões da FAB a trabalho. E, principalmente em fins de semana, não poderiam viajar para seus estados”, observou o senador, lembrando ainda, sem citar nomes, que determinados ministros recorriam ao privilégio junto à Força Aérea em “dois terços” dos finais de semana.
“Se, por princípio de ética, o governo determinou que nem nos aviões da FAB podem viajar, a não ser a trabalho, quanto mais em avião de uma empresa que tem negócios com o ministério. Isso é uma coisa que não precisa nem perguntar, é de um ridículo total”, acrescentou.
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