Depois dos discursos de praxe, a reportagem do Congresso em Foco quis saber se, com o alcance das alianças costuradas, Eduardo Cunha não se sentiria autorizado a confrontar o governo Dilma Rousseff, dada a atuação de enfrentamento já demonstrada em diversas ocasiões na Câmara. Além disso, partidos de oposição como DEM e Solidariedade amparam sua candidatura. Cuidadoso com as palavras em meio a parlamentares da base (PP e Pros), o deputado foi direto:
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“A gestão Eduardo Cunha – ou seja, a Presidência da Câmara sob o exercício de Eduardo Cunha – não será de oposição e nem será submissa a qualquer Poder”, sintetizou.
Dado o caráter provisória da aliança com o PP e Pros, o deputado respondeu ainda que as conversas podem ser retomadas tão logo acabe a eleição, uma vez que a aliança pode não se repetir nas votações da legislatura. Durante o anúncio de apoio, aliás, Cunha já abordou a distribuição de algumas definições para cargos na Mesa Diretora, em hipótese de vitória – entre ele os deputados Waldir Maranhão (PP-MA) e Eduardo da Fonte (PP-PE), líder do bloco PP-Pros.
“Não necessariamente [a aliança prosseguirá]. Isso é uma coisa que os partidos podem até conversar, porque tanto o PP quanto o PMDB fazem parte da base do governo. O PMDB continuará, com certeza absoluta, com o PTB. Isso já é certo”, explicou à reportagem. Ao comentar a aventada desistência do PRB em permanecer no bloco, ele disse ainda que está “cansado de ver intrigas colocando pessoas de bem à prova de fofoca”. “O PRB faz parte do bloco, está anunciado.”
Nem oposição, nem submissão
PublicidadeNo discurso de agradecimento, Eduardo Cunha lembrou ter tido “a honra” de integrar o PP no passado, e disse que terá postura independente em relação ao Planalto como presidente da Câmara. “Recebo com muita alegria e humildade esse apoio. Estamos formando um bloco que está constituído com o PMDB, o PP, o PTB, o PRB, o PSC, o Solidariedade, o DEM, o PHS e o PEN. E, pode ser, algumas legendas menores que ainda possam, até o fim da noite, ingressar nesse bloco”, enumerou o peemedebista.
“É uma mistura que mostra que a gente está buscando para o comando da Casa exatamente a independência que a gente pregou a campanha inteira. Esse bloco não tem cara de oposição e não tem cara de ser submisso ao governo”, avisou.
Segundo Cunha, já passam de duzentos os parlamentares de legendas que lhe anunciaram apoio. E, como já haveria um bloco com 106 votos para Júlio Delgado (PSB-MG), seu grupo não teria como ser ultrapassado em termos de formação de agrupamento partidário, que é o critério aplicado como prioridade para a escolha de postos de comando na Casa.
“Esse bloco, hoje, já deverá ser o maior bloco da Casa, o que lhe dará prioridade nas primeiras escolhas tanto da Mesa Diretora quanto das comissões, no período da legislatura inteira. Essa aliança foi fundamental, porque a liderança do Partido Progressista permitiu que se formasse o maior bloco. Estamos formando uma parceria”, discursou o deputado, lembrando que os maiores blocos têm primazia na escolha de cargos de comando na Câmara. “O voto é secreto. Mas o que estou reconhecendo aqui é que o PP, além da formação do bloco, está apoiando eleitoral e politicamente. Aqui, o PP veio com o bloco e com o voto.”