Envolvido em uma polêmica sobre a participação dos Correios nas campanhas da presidenta Dilma Rousseff, que tenta a reeleição, e do candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o presidente da estatal, Wagner Pinheiro, afirma que considera normal o envolvimento dos funcionários da empresa, desde que fora do horário de trabalho. Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco nesta quarta-feira (1), Pinheiro admitiu que ele próprio milita ativamente em campanhas do PT.
“Nós todos sabemos que funcionários de empresa pública se vinculam muito à campanha”, disse Pinheiro, que é filiado ao PT desde 1988. Ele está à frente da estatal desde o início do governo Dilma. Também presidiu o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) durante os dois primeiros anos da gestão de Lula.
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Apesar de admitir que tem participado intensamente do processo eleitoral, Pinheiro assegura que os Correios têm apenas prestado serviços de mala direta aos candidatos. “A nossa relação com as campanhas é essa, como instituição. Eu, pessoalmente, fora do meu horário de trabalho, tenho, eventualmente, feito parte de eventos de campanha da presidenta Dilma e de seus candidatos coligados”, disse.
Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informou nesta quarta-feira que, em reunião com militantes petistas, o deputado federal Durval Ângelo (PT-MG) teria dito que havia um dedo dos Correios no bom desempenho de Dilma e Pimentel em Minas. “Ele (o deputado) quis dizer exatamente isso: a importância que esses militantes têm para a campanha do Fernando Pimentel e da Dilma também. A importância da militância dessas pessoas nas campanhas de governador e presidencial”, justificou o presidente dos Correios.
“Os Correios são uma instituição pública que presta serviços públicos conhecido de toda a população, mas que não faz campanha eleitoral para quem quer que seja”, acrescentou. Wagner Pinheiro destacou ainda que o discurso do deputado – com quem diz ter boa relação – foi realizado no comitê central de Pimentel, onde estavam funcionários da estatal após o término do expediente.
Pinheiro também afirmou que saiu de Brasília (DF) para duas reuniões de trabalho em Minas Gerais e que depois estendeu a viagem para participar do evento político. Paulista, ele tem participado “quase todos os finais de semana” de eventos em apoio a Alexandre Padilha, candidato petista ao governo de São Paulo.
PublicidadeVeja abaixo a entrevista completa:
Congresso em Foco – Qual sua relação com o deputado estadual Durval Ângelo e qual o contexto do discurso em que ele diz haver “o dedo de petistas dos Correios” na campanha em Minas Gerais?
Wagner Pinheiro – Conheço o deputado Durval Ângelo há bastante tempo, ele é deputado estadual pelo PT e o conheço. Tenho uma relação excepcional com ele. A gravação é parte de uma plenária grande, noturna, de militantes petistas que trabalham nos Correios, da qual eu estava participando, sim, e que estava animando o pessoal para fazer campanha política. Mas aconteceu fora do horário de trabalho, sem uso de nenhuma forma de recurso da empresa no comitê central de campanha do Fernando Pimentel, em Belo Horizonte.
O senhor discursou nesse evento?
Falei depois. A pessoa talvez não tenha mandado esse vídeo para o Estadão nem para ninguém, porque talvez eu não tenha dito uma frase de efeito como a do deputado Durval. Mas eu falei a mesma coisa que ele, que a militância deveria continuar na campanha, mas fora do horário de trabalho, respeitando as normas internas, que isso é muito rígido e que a gente tem o direito, como cidadão, de fazer campanha.
Quantos filiados ao PT que são funcionários dos Correios estavam nessa plenária?
Não sei quantos são filiados ao PT, mas deviam ter uns 150 pessoas ali no comitê central do Fernando Pimentel.
O que o deputado quis dizer com “dedo dos Correios” na campanha?
Não tem nada de dedo dos Correios. O funcionário é dos Correios. Nós todos sabemos que funcionários de empresa pública se vinculam muito à campanha. Ele quis dizer exatamente isso: a importância que esses militantes têm para a campanha do Fernando Pimentel e da Dilma também.
Mas os Correios já foram citados por distribuir de forma irregular material de campanha da presidente.
Nós já esclarecemos isso tudo muito bem. Esse é um episódio, do ponto de vista da matéria publicada, sem pé e nem cabeça. O que nós temos é um produto que os Correios têm antes do processo eleitoral. Esse produto é uma mala direta domiciliar, que todos os partidos utilizam. É um produto que existe há mais de 20 anos na empresa. E que existe dentro da norma.
É verdade que funcionários dos Correios tiraram férias para trabalhar na campanha?
É verdade, sim. Inclusive, o deputado disse isso no vídeo. Agora, eu não fico conversando com as pessoas sobre isso. Cada um faz o que bem entende dos seus direitos trabalhistas, não é? Então, a pessoa resolveu tirar férias para contribuir para a campanha de maneira individual e como cidadão.
Qual é a real participação dos Correios na campanha?
Dos Correios, nenhuma. Simplesmente como um prestador de serviços vendendo mala direta domiciliar. É só isso que a gente faz. A nossa relação com as campanhas é essa, como instituição. Eu, pessoalmente, fora do meu horário de trabalho, tenho, eventualmente, feito parte de eventos de campanha da presidenta Dilma e de seus candidatos coligados. Os Correios é uma instituição pública que presta serviços públicos e é conhecido por toda a população, mas que não faz campanha eleitoral para quem quer que seja. O que chateia é que essas matérias que ficam manchando a imagem da instituição de maneira errada e sem qualquer sustentação concreta de ilícito cometido. O deputado, sabendo que estava na base dele – que não é a minha; eu não sou mineiro, sou paulista, moro no Rio de Janeiro e trabalho em Brasília – estava citando a militância, a dedicação e o prazer de sair de férias para algumas pessoas. Obviamente que não eram todos que estavam ali que estavam de férias. Eu mesmo não estou de férias e o diretor regional também não. Mas era noite, 8h30 da noite.
O senhor saiu de Brasília para participar desse comício?
Foi durante a semana e todo o custeio foi meu. Eu paguei as minhas passagens aéreas ida e volta e paguei hotel, com meus recursos pessoais.
O senhor participa de campanha em outros estados?
Eu fui a Minas para duas coisas, ambas relacionadas à empresa. Fiz duas grandes reuniões na tarde daquele mesmo dia, mas como eu tinha essa atividade de campanha eu considerei prudente pagar as minhas passagens e o meu hotel para o caso de acontecer uma coisa como essa não haver dúvidas sobre a lisura. Mas eu tenho viajado muito para o interior de São Paulo. Nas últimas quatro semanas, tenho ido todos os finais de semana para o interior de São Paulo para fazer campanha.
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