Reconduzido à presidência nacional do PSDB no último domingo, o senador Aécio Neves (MG) se confundiu nesta terça-feira (7) em entrevista concedida à Rádio Gaúcha ao afirmar que “foi reeleito presidente da República”. Em conversa que durou pouco mais de 20 minutos, Aécio criticou o governo federal e as declarações da presidente Dilma Rousseff à Folha de S.Paulo de que há setores da oposição que agem como golpistas ao defenderem o seu impeachment.
“O que nós dissemos na convenção que me reelegeu, neste domingo, presidente da República, é que o PSDB é um partido pronto para qualquer que seja a saída”, disse o senador em entrevista ao programa Timeline. Alertado pelos apresentadores, Aécio se corrigiu logo em seguida. “Não, presidente do PSDB! Estamos longe de 2018. E o partido tem quadros muito qualificados. Temos o governador de São Paulo (Geraldo Alckmin), o senador José Serra. Temos que ter a responsabilidade de não antecipar cenários. Nem sabemos se a eleição será mesmo em 2018”, disse o tucano, que foi o segundo colocado na disputa presidencial de 2014.
Ouça a entrevista (a declaração está no início do quarto minuto)
Leia também
Aécio também rebateu diretamente a declaração da presidente sobre o que chamou de tentativa de golpe da oposição em um eventual pedido de impeachment ou cassação de mandato. “Todos que acompanham o cenário político veem uma presidente apática. Felizmente para a presidente, quem está na oposição somos nós. (…) Dilma vem perdendo apoio na sua própria base de sustentação, dentro do seu partido. O impeachment pressupõe um fato jurídico concreto e pode ou não acontecer. Ele independe das oposições.”
Ele ainda fez referência ao julgamento das contas do governo de 2014 pelo TCU. Segundo ele, a presidente violou a Lei de Responsabilidade Fiscal ao praticar manobras fiscais. “Ela descumpriu conscientemente a lei de responsabilidade fiscal no ano da eleição”, disse.
Golpe
Em nota enviada à imprensa também nesta terça-feira, Aécio afirmou que o PT tenta transformar em golpe todas as investigações que ameaçam o partido e a presidente, como as suspeitas de corrupção na Petrobras, de uso de dinheiro do chamado “petrolão” na campanha eleitoral e de manobras fiscais para aprovação de suas contas. “Se a Polícia Federal e o Ministério Público investigam crimes de corrupção praticados por petistas, para o PT trata-se de golpe.”
Em entrevista à Folha, Dilma desafiou seus adversários a tentarem tirá-la do cargo. A presidente afirmou que não vai renunciar ao mandato nem ser cassada porque não cometeu nenhum ato ilícito. “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política”, declarou.
Segundo ela, não há qualquer fundamento para um eventual pedido de impeachment, como defendem seus opositores. “As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair”, declarou. “E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam”, emendou.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também rebateu as declarações de Dilma. “A entrevista de Dilma para a Folha segue o script de muitos que estiveram nos seus últimos dias de mandato e não tiveram a habilidade de construir uma transição. Em vez de ter a estatura de estadista nesse momento de crise, ela se coloca em uma posição de desafio, como se fosse culpa da oposição o momento que passa o país”, criticou.