A crônica política e as pesquisas eleitorais apontam na direção de inevitável e irreversível polarização entre Lula e Bolsonaro. Nunca é demais lembrar que tudo que é sólido pode desmanchar no ar. Campanhas foram feitas para subverter os números das pesquisas. Lula tem se mantido firme no patamar em torno de 40% das intenções de votos. Recentemente, cometeu erros graves ao abusar da improvisação e abandonar a postura de “jogar parado”. Bolsonaro, que vinha despencando no final de 2021, reverteu a tendência ao se abster de polemizar sobre a pandemia e desencadear uma série de iniciativas governamentais populares.
Geralmente, cada eleição tem um vetor claro de continuidade ou mudança. O momento brasileiro não é nada confortável. A instabilidade é grande; as desigualdades aumentaram na pandemia; a inflação, os juros e o desemprego são altos; as principais políticas públicas estão à deriva e a avaliação do governo é negativa. Tudo indicaria um cenário tranquilo para a vitória das oposições. No entanto, Bolsonaro tem se mostrado resiliente e eclipsado os temas centrais com uma permanente cruzada ideológica contra um impensável “fantasma do comunismo”.
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Polarização é da essência da dinâmica política. No Brasil, nos EUA de Biden e Trump ou na França de Macron e Le Pen. O problema é o fechamento dos espaços de diálogo, o crescimento da intolerância, o não reconhecimento da legitimidade dos adversários e as ameaças permanentes de quebra das regras democráticas. A atual polarização reflete uma luta entre o presente e o passado, pouco diz ao futuro.
Diante deste quadro, era natural o surgimento de uma forte terceira via que simbolizasse inovação, ousadia, criatividade, modernidade e equilíbrio para a construção de um futuro marcado pelo desenvolvimento sustentável, inclusivo e democrático. No entanto, as forças políticas do centro democrático têm patinado.
Segundo a série de pesquisas GENIAL-QUAEST, os brasileiros que gostariam que o futuro presidente não fosse Lula nem Bolsonaro eram 31%, em julho de 2021, mas caíram agora, em abril, para 19%. Há uma evidente fadiga da espera de um nome que encarne uma alternativa aos candidatos da direita e da esquerda. Quem quer derrotar Bolsonaro vai se acomodando com Lula, e vice-versa. Diante desta realidade, os dirigentes do PSDB, União Brasil, MDB e Cidadania cravaram 18 de maio como o dia D da terceira via para o anúncio da chapa das forças democráticas. A construção do consenso não será fácil, os partidos envolvidos estão divididos. Mas é uma necessidade histórica.
Pelo menos quatro pontos balizam a identidade deste campo ideológico não contemplados por Lula e Bolsonaro. A democracia como valor universal e permanente aqui ou em qualquer lugar do planeta. Um novo modelo de crescimento, com rumo claro, responsabilidade fiscal e credibilidade. Redistribuição de renda e combate radical às desigualdades sociais sem populismos e visando a emancipação do cidadão. E, a defesa da sustentabilidade ambiental para além do maniqueísmo que contrapõe atividade econômica e causas ambientais.
PublicidadeSe houver desprendimento e privilégio ao interesse público e nacional, surgirá uma forte alternativa a partir dos nomes colocados de Eduardo Leite, João Dória, Luciano Bivar e Simone Tebet, que oferecerá à sociedade brasileira uma visão diferente sobre o Brasil e seu futuro.
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