Percival Puggina*
Sob todos os pontos de vista, é uma pena que a afirmação feita por Bolsonaro ao jornalista da TV Bloomberg em Davos tenha caído do imenso vazio de significados que domina a imprensa brasileira. No ambiente local, se as informações transmitidas, quaisquer informações, não têm conotação negativa para o governo, não interessam. Ou elas permitem danificar-lhe a imagem, ou são inúteis. E não falta quem consiga, até mesmo, transformar limonada oficial em limão opiniático. Foi por isso que muitos veículos aproveitaram a manifestação do pai para requentar as denúncias contra o filho e, outros, para rotulá-la como tardia. Não escrevo este artigo porque queira uma imprensa omissa. Escrevo-o precisamente porque que não quero uma imprensa omissa.
A frase – “Se Flávio errou, ele terá que pagar por essas ações, que não podemos aceitar” – jamais sairia da boca de um Lula, por exemplo. Aliás, parece haver suscitado escasso interesse da mídia extrema e do COAF, a vertiginosa escalada do filho do ex-presidente, que saltou de funcionário de zoológico a milionário. Papai Lula preferiu ver a intrigante ascensão como produto das atividades de um “gênio das finanças”. Deu para notar a diferença?
Quantos pais, habituados aos comportamentos que abastardaram o Brasil, teriam estofo moral para dar voz, expressão pública e repercussão internacional a uma sentença tão amarga? Quantos milhões de brasileiros se deformaram moralmente sob o afago de pais que encobriram seus erros ou, simplesmente, os ignoraram? Bolsonaro mostrou, neste episódio, a que veio no serviço presidencial (serviço, sim, porque governar é servir). Primeiro, não se deixou enredar nas intrigas, nem fraquejou à pressão e afoiteza da extrema imprensa. Segundo, aguardou o desenho mais amplo da situação e falou o que devia falar. Terceiro, proporcionou um ensinamento altamente pedagógico às famílias brasileiras. Quarto, concedeu a entrevista a quem, na sua percepção, tinha juízo para ouvir.
Dos moralistas de ocasião, daquela imprensa que reclamou do cancelamento da coletiva presidencial, ele só tinha a esperar desrespeito ao constrangimento a que estava submetido. Não faltaria, ali, quem viesse escarafunchar-lhe as emoções com perguntas tão relevantes quanto “Como o senhor se sente com isso?”, ou “Como foi a conversa com o seu filho?”. Por aí andariam os medíocres.
É uma pena que seja assim. Não creio, porém, que os ataques da mídia extrema alcancem seus sinistros objetivos. A exemplo de tantos outros brasileiros, bebi da taça da esperança. E me declaro civicamente bem servido. Conformado, esperei 34 anos para esse encontro do Brasil com as posições conservadoras e liberais que professo. A cada quatro anos, em vão as aguardava do ventre das urnas, enquanto via o Brasil ser levado ao abismo social, à indigência moral e à falência econômica. Quantas vezes, meu Deus, ao longo dessas décadas, sentei a mesas de debate, em rádio e TV, tendo como contraparte figurões da esquerda gaúcha, empenhados em defender aquele modelo, bem como os regimes cubano e chavista! Ali estiveram as parcerias, o horizonte e o futuro.
Há quem ainda agora os defenda e com eles prefira lidar. Manipulam, então, a lixeirinha dos fatos enquanto o país, a despeito deles, cumpre a manifestação democrática das urnas e muda seu destino.
* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+
e o “Bidu” sabe até o que o Lula diria…. é muita hipocrisia!!!
Percival o problema não é o flávio. É a famiglia toda: o torpedo do COAF atingiu até o membro da famiglia que dorme com o jair, que alias, pelas ultimas noticias, está sendo investigada. Infelizmente para quem esperou 34 anos por “algo conservador”, como suas ideias, vai ter que esperar mais um pouco, aos 74 anos, você já não tem muito tempo para esperar. Vai ter que se conformar com uma famiglia ligada ao crime organizado no Rio de Janeiro. Ao contrario dos filhos do Lula o flávio construiu um patrimônio imobiliário de fazer inveja ao Michelzinho do Temer.
Não errou, se equivocou, quem errou foi quem garantiu que a barragem de Brumadinho não ia se romper, e se rompeu…falou? Sou eleitor do Boolsonaro e exijo explicações por esses erros cometidos nos governos anteriores.