Jair Pedro Ferreira*
A Caixa Econômica Federal surgiu em 1861 para atender as necessidades da população e essa inclinação define o seu papel desde então. A presença do banco na história do Brasil completou 159 anos no último dia 12 de janeiro. Lutar contra as ameaças a seu perfil social é propósito dos empregados da instituição e interesse de toda sociedade.
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Em mais de um século e meio de existência, a Caixa venceu desafios e pavimentou o futuro do país. Com a força de seus trabalhadores e apoio da sociedade, o banco tornou-se forte e moderno. Esta solidez serviu para defendê-lo nos momentos de adversidades políticas fundadas em interesses privados e alheias aos problemas sociais. Novos obstáculos, com certeza, também serão superados com mobilização e união de forças.
Este banco é um patrimônio do país. O povo brasileiro encontra a Caixa em sua vida, no cotidiano de sua comunidade e na história do país. É o maior em número de clientes (93,5 milhões), responsável por quase 40% da poupança nacional e 70% do crédito habitacional. A rede de atendimento possui 54,1 mil pontos país afora: são 4,1 mil agências e postos de atendimento; 28,7 mil máquinas de autoatendimento; 8,3 mil correspondentes Caixa Aqui; e 13 mil casas lotéricas.
O banco ainda conta com oito unidades-caminhão, que atuam como postos de atendimento itinerantes nas periferias de algumas cidades, e três agências-barco, que levam desenvolvimento e cidadania para as populações ribeirinhas da região amazônica. Presente em 98% dos 5.570 municípios, a Caixa tem uma capilaridade sem paralelo no Brasil.
Mas não é apenas a gigantesca cobertura que torna este banco indispensável aos brasileiros. A Caixa é o “banco da casa própria”, responsável por realizar o sonho de sete em cada dez cidadãos com financiamento habitacional acessível. É o “banco do trabalhador”, por reunir e operar o FGTS, pagar seguro desemprego, o PIS, etc. E como “banco das loterias”, destina cerca de 40% de tudo que é arrecadado com os jogos para programas sociais nas áreas de educação, segurança, esporte e cultura. Quando convocado para operar na crise financeira internacional de 2008, o banco cumpriu seu papel e minimizou o impacto no bolso do brasileiro com oferta de crédito ao setor produtivo.
O atual momento, porém, não é propício para comemorações. Requer, isto sim, alerta e manifestações. As ameaças ao banco e ao seu histórico papel social estão presentes. Como frequentemente mostra a imprensa, a nova gestão da Caixa deu início, no ano passado, ao processo de fatiamento e desmonte da empresa. Em poucos meses, R$ 15 bilhões em ativos do banco foram repassados ao mercado e a Loteria Instantânea (Lotex) vendida a grupos estrangeiros. Para este semestre já está na agenda a venda de parte da Caixa Seguradora e, na sequência, de outras áreas rentáveis, como cartões e gestão de ativos.
Mesmo com tantas ameaças, os empregados e empregadas da Caixa resistem todos os dias e assumem a responsabilidade de manter o protagonismo da empresa, trabalhando em uma instituição que precisa e quer ser “mais que um banco”.
É urgente que a Caixa e seus empregados voltem a ser valorizados e o patrimônio público protegido. Resgatar a Caixa 100% pública é tarefa urgente.
O trajeto a ser percorrido em defesa do caráter público e social da Caixa requer a união e a mobilização de todos os empregados do banco, para que no próximo aniversário existam bons motivos a comemorar. Assim, lançada pelo Comitê Nacional em Defesa da Caixa, a campanha #ACAIXAÉTODASUA representa a força das ideias em contraposição às ideias da força, resistindo à privatização do banco e ao retrocesso e reafirmando o papel social da Caixa e do futuro da cidadania, da democracia e da soberania nacional.
* Jair Pedro Ferreira é presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).
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