Wellington Fagundes*
Há mais de um ano, desde o início da pandemia o Senado da República tem trabalhado incansavelmente para viabilizar iniciativas que ajudem o povo brasileiro a enfrentar essa gigantesca tragédia sanitária em todas as suas dimensões — econômicas, sociais e humanas.
Foi assim, por exemplo, com a aprovação das duas rodadas do auxílio corona voucher. Foi assim também com proposições que tiveram origem nesta Casa, como o Pronampe — acesso ao crédito emergencial para preservar os empregos e o funcionamento das micro e pequenas empresas, a partir de ideia do meu colega e correligionário, senador Jorginho Mello, do PL-SC — ou ainda do projeto de minha autoria, aprovado na última quinta-feira e já remetido à Câmara dos Deputados, prorrogando a Lei Aldir Blanc, em apoio aos artistas e demais trabalhadores da cultura.
Mais recentemente, a Comissão Temporária da Covid-19, presidida pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO) e por mim relatada, passou a realizar sucessivas audiências públicas e reuniões deliberativas com a finalidade de propor a um país traumatizado e desorientado — e, ao mesmo tempo, reivindicar às autoridades competentes em todos os níveis de governo (União, estados e municípios) — encaminhamentos e soluções para questões literalmente vitais, entre as quais: estudo e acompanhamento de informações sobre vacinas (importação/desenvolvimento local de insumos básicos, produção e distribuição); desabastecimento de oxigênio e outros insumos hospitalares; negociações internacionais para aumento dos estoques de vacinas; impacto das medidas de isolamento e outras restrições nos estados e municípios.
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Essas tarefas foram confiadas a subgrupos de trabalho compostos pelos senadores membros do colegiado, numa autêntica cooperação suprapartidária.
Faço questão de registrar que, entre as autoridades que já participaram das nossas audiências públicas (ministro Paulo Guedes, dirigentes da Anvisa, do Butantan, da Fiocruz etc), a oitiva com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na segunda-feira, 29 de março, destaca-se por ter impressionado positivamente a comissão e, acredito eu, a maioria dos telespectadores e internautas pela serenidade, a segurança e o profissionalismo com que ele respondeu às nossas perguntas transmitindo, no mínimo, um horizonte de esperança consequente à população sobre a capacidade de o país reverter com rapidez o quadro desolador atual.
Com toda a razão, a pergunta que as pessoas não param de se fazer é: “Afinal, quando é que a vacina sairá das planilhas oficiais para o posto de saúde mais próximo da minha casa e daí para o meu braço?”
Uma das respostas mais promissoras partiu do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Proteção Animal: três das maiores empresas filiadas ao Sindan, cujas expertise e escala na produção de vacinas veterinárias (aftosa, raiva etc.) contribuem para projetar a pecuária brasileira à sua posição de liderança internacional, se oferecem para interromper por três meses suas atividades rotineiras para fabricar uma quantidade de vacinas contra a covid-19.
Esses laboratórios industriais já operam sob os mais rigorosos padrões de biossegurança e rastreabilidade exigidos pela OMS e outros organismos especializados e podem, rapidamente, acrescentar cerca de 400 milhões de doses de imunizantes aos estoques já contratualizados pelo Ministério da Saúde.
Com uma inestimável vantagem adicional: como as empresas dominam a tecnologia do “vírus inativado”, o Brasil fica, desde logo, menos dependente da importação de IFA, princípio ativo hoje objeto de uma competição feroz no mercado mundial.
O que falta, então, para deslanchar esse processo produtivo? Eu diria que apenas a conscientização das mais altas autoridades do país, hoje reunidas no Comitê Nacional de Enfrentamento à Pandemia, para a urgência em remover as últimas dificuldades burocráticas no meio do caminho.
Vacina já!
*Wellington Fagundes é médico veterinário, senador da República pelo PL-MT e relator da Comissão Temporária da covid-19 do Senado Federal.
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