Xangai tem 23 milhões de habitantes. Forma um único município constituído por 17 distritos com considerável autonomia administrativa. É um pouco difícil comparar tamanhos de cidades, pois na China se tende a agrupar em uma única municipalidade o que aqui seriam periferias diversas, como as baixada fluminense, no Rio, por exemplo. Por essa razão, há uma grande discussão sobre a suposta cidade mais populosa da China, Chongquin, a antiga capital do tempo da ocupação nipônica, que oficialmente tem 35 milhões. Mas ali é claramente um conjunto de cidades com áreas rurais agrupadas num único município conurbado.
O caso de Xangai é diferente porque ali existe de fato um tecido urbano contínuo. A gente se dá conta do tamanho quando visita uma das grandes atrações do museu de desenvolvimento urbano da cidade: a maquete gigante de 600 metros quadrados. Ela apresenta em detalhes impressionantes apenas uma pequena parte da cidade. O mesmo ocorre com um dispositivo de realidade virtual das principais atrações da cidade em 360 graus. Ali, vemos os dois gigantescos aeroportos, o novo maior porto do mundo, a Expo 2010, Pudong, o velho Bund, etc…
Além de visitar o museu, fui recebido na prefeitura pelos responsáveis do Birô de Proteção Ambiental e do Instituto Ambiental Atmosférico, Dr Shi Min e as doutoras Changhong Chen e Lily Li. São responsáveis pela política ambiental geral de Xanghai com interfaces com os órgãos ambientais dos 17 distritos. Conversando com os três, me dei conta com mais detalhe da magnitude dos problemas que enfrentam, mas também da gigantesca mobilização em curso para melhorar sua qualidade ambiental e assim cumprir as metas do décimo-primeiro plano quinquenal da cidade. Passaram-me o relatório de monitoramento ambiental de 2010, um ano particularmente importante em função do grande evento da Expo 2010. Eles vêm monitorando o rio Huangpu que passa no centro de Xangai e o famoso Yangtze dando conta de uma pequena melhora de 2009 para 2010. 85% dos esgotos já estão sendo tratados em 50 ETE’s, inclusive uma que é considerada a maior da Ásia.
No relatório que me mostraram, percebi que controlam basicamente a poluição orgânica – demanda de oxigênio -,mas aparentemente não consta a de metais pesados e agentes químicos.
Já o monitoramento atmosférico registra uma melhoria em relação a 2009 no que tange a uma série de poluentes, o SO2, os Nox, o Ozônio e os particulados. A poluição atmosférica ali ainda se deve majoritariamente a fontes fixas industriais e, em segundo lugar, ao sistema de transportes. Em relação a poluentes atmosféricos, eles detectam uma melhoria de 10% em relação a 2005. De fato, achei o ar de Xangai bem melhor que o de Beijing e Dalian, apesar dessa útima ser uma cidade litorânea e muito menor que Xangai. No tocante à poluição sonora, o relatório 2010 admite que não conseguiram avançar. Houve um aumento médio de 0.9 decibéis em relação ao ano anterior. Curiosamente, eles monitoram a radiação eletromagnética e ionização consideradas “dentro dos padrões”.
PublicidadeUm aspecto muito interessante do relatório é o levantamento das reclamações recebidas pelo órgão ambiental, ao todo 16.511, em 2010.
Foram 11 mil telefonemas, 2 mil e-mails, 1600 cartas, 600 visitas. Os dois itens mais denunciados foram poluição atmosférica: 39% dos casos, e poluição sonora, 31% dos casos. Isso demonstra uma evidente pressão da população em relação à qualidade ambiental da cidade, e que, ao contrário do que muitos pensam, a população chinesa está muito longe de ser apática diante dos problemas ambientais. Pelo contrário, seu grau de mobilização é crescente.
O escritório e o instituto contam com aproximadamente cem funcionários que atuam na escala de Xangai como um todo, em 13 divisões, a de fiscalização conta com 60. Além disso, cada distrito tem sua estrutura.
Sobre a questão das emissões de CO2, Shi Min enfatizou bastante a experiência dos ônibus elétricos com suas baterias carregadas de ponta a ponto. Metade do abastecimento elétrico de Xangai ainda provêm de térmicas a carvão, mas as “fazendas eólicas” na Mongólia estão aumentando sua participação no abastecimento da cidade e deverão substituir os 30% que provêm de térmicas a óleo combustível. O solar é também um componente crescente já bem visível nos postes de iluminação pública, mas a China, que já produz 65% das placas fotovoltaicas do mundo, ainda exporta muito mais do que instala.
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