Vivemos uma época em que uma infinidade de problemas graves, reais, oferece munição para os pessimistas preverem a chegada triunfante do caos. Para amanhã, depois de amanhã ou 2012, (mais uma) data anunciada do fim do mundo.
Se você quer ser arauto do final dos tempos, pode se inspirar por exemplo, no plano internacional, na crise econômica que ora sacode as bolsas – crise que, sem dúvida, insinua-se mais longa e profunda do que se imaginava – ou, digamos, nas mudanças climáticas.
No âmbito nacional, pode fazer como os profetas das trevas que decretam que o país perdeu definitivamente a batalha para a corrupção. E que a situação só piora, e não tem jeito porque onde existe ser humano há corrupção, e brasileiro é povo safado mesmo… enfim, uma conversa que você conhece de cor e salteado.
Mas, de repente, você descobre que dezenas de pessoas são capazes de abrir mão de momentos de descanso ou lazer de uma ensolarada manhã de sábado para participar de um debate sobre corrupção.
Trocam o sol lá fora por quase quatro horas de discussão sobre formas de enfrentar a corrupção. E logo em Brasília, a cidade que colunistas e editores do eixo Rio/São Paulo vendem como cenário praticamente exclusivo e a grande culpada da patifaria nacional de cada dia.
Às vezes, demoramos a perceber, mas, para o bem ou para o mal, intensa ou suavemente, devagar ou depressa, nós e as coisas estamos sempre mudando. Há até esse fato absolutamente inédito em nossa jovem democracia de se ver na chefia suprema da nação alguém – uma mulher, ainda por cima! – que resolve tratar com dureza ministros e líderes políticos corruptos.
Há toneladas de problemas a enfrentar para reduzir a corrupção no Brasil a níveis menos vergonhosos, mas ouso afirmar que, nesse campo, o ambiente já é de transformações. Isso se deve, em parte, a ações que vêm do próprio poder. Como exemplos, além de certos gestos de Dilma, impensáveis em um Lula ou um FHC, pode-se lembrar da melhora dos padrões de comportamento trazida pela ascensão à administração pública de novas gerações de servidores, selecionados por concurso público.
O motor da mudança, porém, é a sociedade. Foi ela que levou o Congresso a aprovar, e o então presidente Lula sancionar, a Lei da Ficha Limpa. É ela que pode, e deve, dar um basta aos bandidões poderosos que nos indignam pela arrogância com que desfilam impunes por aí. E vêm dela reflexões extremamente interessantes e oportunas sobre a questão da corrupção.
Convido você, com toda ênfase possível, a investir alguns minutos do seu tempo para ler esta aqui. Trata-se da apresentação feita pelo auditor Henrique Ziller no debate realizado na OAB. Ele descreve a ação dos “caçadores de orçamento”. Eles incluem desde uns caras muito barra pesada, que se dedicam pura e simplesmente à “pilhagem” dos recursos públicos, até servidores públicos engajados na “luta acrítica por planos de carreira sem pensar a questão no âmbito de uma política nacional de recursos humanos do setor público”. Para Ziller, “o passo inicial na luta contra a corrupção é uma autocrítica que faça avaliar todo e qualquer comportamento caçador de orçamento que se desenvolva, antes de se começar a apontar o dedo acusador”. Tem muito mais, agora o resto você lê lá, bebendo direto na fonte.
PS: este Congresso em Foco tem procurado contribuir para renovar os hábitos políticos basicamente de dois modos. Fazendo jornalismo, ou seja, trazendo a público informações novas e relevantes que estimulem a população a acompanhar as atividades do Congresso Nacional e da política. E encampando causas ou projetos que podem ter efeito pedagógico no gigantesco esforço que precisamos fazer para enfrentar com êxito problemas como a corrupção e a baixa qualidade da representação política existente no país. Nesse campo, tem sido uma grande alegria fazer, a cada ano, o Prêmio Congresso em Foco, com o qual tentamos responder à angústia de muitos que buscam referências na vida parlamentar, ou seja, procuram identificar quem representa digna e eficientemente a população no Parlamento. Clique aqui e veja algumas novidades que irão marcar a premiação deste ano.
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