A presidenta Dilma Rousseff estaria fragilizada, segundo dizem, por conta das mudanças ocorridas em seu Ministério nesses primeiros oito meses de administração. Não vejo desta forma. Democracias maduras, como a da Inglaterra e mesmo a dos Estados Unidos, sofrem mudanças bem mais profundas, no período de uma administração, que essas ocorridas e ainda ocorrendo no Brasil.
A tal “fragilidade” do governo é, para mim, sinal de fortalecimento da democracia, audiência à opinião pública e o desejo de contribuir para o avanço institucional.
A Inglaterra, sob o parlamentarismo, troca gabinete, primeiro-ministro e/ou parlamentares, no meio de seus mandatos, quando entende que as instituições estão sob risco. Basta um deputado votar contra o interesse majoritário de sua província para se ver sob o crivo de nova eleição. Winston Churchill, herói da II Guerra Mundial, último bastião a enfrentar o avanço avassalador de Adolf Hitler, teve que enfrentar as urnas em seu condado logo a seguir.
Nos Estados Unidos, onde o regime é presidencialista, o Presidente Barack Obama, diante da ameaça de veto ao aumento do teto de endividamento externo, teve que ceder em pontos que o Partido Democrata, ao qual pertence, considerava fundamentais. É o caso da manutenção das reduções de impostos para as grandes empresas, para os muito ricos e para a indústria do petróleo, feita por George W. Bush. Os democratas tinham como bandeira não apenas acabar com isso, mas aumentar os impostos para esses setores.
Uma medida como essa, em economia com o peso global norte-americano, representa muito mais que a troca dos ministros brasileiros.
É também uma demonstração de força, no Brasil atual, a decisão de não ceder às primeiras pressões ou incentivar uma onda de denuncismo. A presidenta Dilma tem mesmo feito verdadeira faxina na Esplanada dos Ministérios, embora, no momento preciso, tenha freado as coisas para reorganizar a casa. Senão, o governo acabaria como aquela anedota do cantor famoso, que demorava um século para gravar uma música porque, no meio do processo, alguém batia na porta dizendo que era filho dele, ele parava e mandava registrá-lo sem maiores questionamentos.
Esta semana, durante um encontro com líderes partidários, em jantar, a presidenta trocou afagos, conversou muito, trabalhou pela governabilidade, fez política, mas deixou claro que o governo não conviverá com a corrupção e que as mudanças necessárias serão feitas, embora nem todas na velocidade que os mais apressados gostariam.
Todos sabem, por outro lado, que a uma ação dura, como a empreendida pela presidenta, sempre provocará reações. Nessa batalha surda, se a sociedade ficar contra quem ousa mudar, buscando o melhor, simplesmente porque esse alguém recusa uma descida cega da ladeira e prefere manter os olhos bem abertos, então perderá o futuro do Brasil como democracia.
Graças a Deus, pelas primeiras pesquisas publicadas, a Nação está atenta e apoia os movimentos da presidenta, uma vez que a popularidade dela se mantém crescente.
Vimos no que deu uma administração que tinha a vassoura como símbolo. Dilma fará a faxina, mas sem dar espaço a açodamentos que conduzam a retrocessos.
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