Já mostramos que a expansão e retração da atividade de relações governamentais está estreitamente ligada à expansão e retração da economia do país e à movimentação dos mercados.
Períodos de abertura econômica trouxeram empresas multinacionais ao Brasil, que implementaram aqui sua cultura de relacionamento com o governo na discussão de políticas públicas e de um ambiente regulatório favorável. Ainda, o grande número de sindicatos e associações estabelecidos no Brasil já demonstra a dimensão do universo dessa atuação.
Também, que a mudança e a disrupção nos mercados acabam por se acirrar uma disputa regulatória, principalmente entre empresas das novas economias e empresas das economias tradicionais, gerando demanda por bons profissionais em ambos lados. Os agentes já estabelecidos passam a buscar paridade de regulação com novos players. Esses, por sua vez, tentam manter sua atividade longe dos custos da economia tradicional.
A multiplicação de foros de participação social na definição de políticas públicas nos poderes Executivo, Legislativo e também Judiciário aumentou a participação desses profissionais. São exemplos os conselhos paritários, audiências públicas e o papel do amicus curie.
Em países de tradição reguladora e altamente intervencionistas na economia, como é o caso do Brasil, a busca por profissionais de Relações Governamentais é particularmente relevante. Quanto mais regulado o setor, maior o peso da atividade governamental na empresa.
Portanto a disponibilidade de vagas observa uma equação onde são considerados: o tamanho da atividade dos setores no país e o grau de dependência desses setores a políticas públicas e regulações. Aqueles setores com intensa atividade e/ou que são altamente impactados por políticas e regulações demandam bons profissionais que possam se articular tecnicamente com os poderes políticos.
Os campeões de contratação
Para avaliar a demanda de profissionais de Relações Governamentais foram analisadas 130 vagas de todo o Brasil e de diferentes níveis, publicadas no período de maio de 2017 a maio de 2018 por empresas de diferentes setores. Algumas são mais conhecidas pelo público em geral como Amazon, Coca-Cola, Eurofarma, Facebook, Google, Hyundai Johnson&Johnson Latam Airlines, L’Oréal, Motorola, Nestlé, Netflix, Pepsi, Pfizer, Philip Morris, Philips, Procter&Gamble, Tetrapack, Tim, Uber, Unicef e WWF, além de entidades de classe, escritórios de consultoria e de advocacia e empresas de recrutamento.
Os nomes dos cargos variam de relações governamentais a políticas públicas, passando por assuntos governamentais, assuntos regulatórios e relações institucionais. Cada um com suas especificidades, mas todos tendo em comum a finalidade de influenciar políticas públicas para defender interesses.
O gráfico abaixo mostra o resultado da divisão por setores nas vagas oferecidas.
Farmacêutico (14,8%), Tecnologia da Informação (14,1%), Biotecnologia (11,7%) e Alimentos (10,2%) são as áreas que mais demandaram profissionais de Relações Governamentais. Esses setores juntos ofereceram mais das metades das vagas analisadas.
A depender das políticas adotadas no próximo governo, assistiremos novas movimentações no share de cada setor na contratação de profissionais capacitados para implementar estratégias de relacionamento com o Governo.
Os dados analisados fazem parte da pesquisa O Perfil do Profissional de Relações Governamentais, realizada pelo Pensar RelGov. Ao todo, a pesquisa analisa o tamanho do universo, a distribuição e concentração dos profissionais no Brasil, setores que mais contratam, análise de competências e de perfil profissional.
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