Ronaldo Brasiliense * |
Confesso que cansei de ver o deputado Roberto Jefferson depondo em tudo o que é lugar sobre o mesmo assunto, falar as mesmas coisas, repetir o mesmo discurso. Foram três depoimentos em pouco mais de um mês: primeiro, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados; depois na CPI dos Correios e, enfim, na CPI do Mensalão. Como diria o presidente Lula, em suas metáforas populares, cada macaco no seu galho. Acho que a CPI do Mensalão deveria ter prioridade para ouvir personagens como Marcos Valério Fernandes, Fernanda Karina Somaggio, Renilda (Amélia) Fernandes, Zé Dirceu, Delúbio Soares e Silvio Pereira – que já depuseram na dos Correios. Daqui pra frente, deputados que estão com a cabeça na guilhotina, que a mídia aponta como prováveis cassados, deveriam ser inicialmente convocados para depor na do Mensalão: os petistas José Dirceu (SP), João Paulo Cunha (SP), Professor Luizinho (SP), Paulo Rocha (PA), José Mentor (SP) e João Magno (MG), o líder do PL Sandro Mabel (GO) e os pepistas José Janene (PR) e Pedro Henry (MT), entre outros. Publicidade
E a corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos? Ninguém mais está interessado na CPI em mostrar as fraudes em licitação, tráfico de influência, loteamento de cargos entre partidos da base aliada na estatal? Publicidade
Aprofundando as investigações, os parlamentares, a Polícia Federal e a própria mídia vão descobrir que os tentáculos da SMP&B, do suposto operador do mensalão, Marcos Valério, estão nos Correios desde, no mínimo, 1995, quando a agência já manipulava milhões de reais da ECT com dispensa de licitação. A mesma maracutaia ocorreria 10 anos depois. Com essa história toda de mensalão, a mídia está dando pouquíssima atenção à CPI dos Bingos, que até hoje não ouviu o próprio Waldomiro Diniz, o braço direito de Zé Dirceu na Casa Civil da Presidência da República, flagrado cobrando propina de 1% – acredite, apenas 1% – do bicheiro Carlinhos Cachoeira. PublicidadeO que se viu até agora é que, com raríssimas exceções, a Polícia Federal e a imprensa estão pautando as comissões parlamentares de inquérito. Os fatos novos que estão vindo à tona têm origem nas investigações dos repórteres ou mesmo em depoimentos reservados nos inquéritos da PF ou no Ministério Público. Vide os casos recém revelados do novo depoimento de Marcos Valério ao procurador geral da República, Antonio Fernando Souza, e as revelações de que o empresário mineiro teria garantido emprego no BMG e comprador para o apartamento da ex-mulher de Zé Dirceu em São Paulo. Não dá para entender, também, porque até agora a Polícia Federal não fez busca e apreensão de documentos nas sedes dos diretórios do PT, PL, PP e PTB, partidos que comprovadamente estão envolvidos com o propinoduto montado pelo empresário Marcos Valério, devidamente em acordo com o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Também já está enchendo o saco essa cantilena do presidente Lula de citar a mãe que nasceu analfabeta em tudo quanto é discurso, de se vangloriar como o dono da ética no país e, mais recentemente – plagiando o tetracampeão Zagallo –, de anunciar que vão ter que o engolir em 2006. Leonel Brizola, já em 1989, alertava para a necessidade de ter que engolir o “sapo barbudo” no segundo turno das eleições presidenciais contra Fernando Collor. Nem aí temos novidade. |
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