Laerte Rimoli |
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A divulgação da última pesquisa CNT/Sensus acionou um alerta no Palácio do Planalto. Houve queda de popularidade do governo e do presidente da República. Os números não chegam a alarmar, mas indicam queda constante. Se compararmos com dezembro do ano passado, o índice de aceitação do governo caiu de 41% para 39,9%. E o do presidente Lula de 69,9% para 65,3%. A equação é simples: se o governo enfraquece, o Congresso fica mais forte. O espaço para a barganha política aumenta. Aí reside o perigo. Nem bem começou a coabitação com o novo parceiro, o PMDB, e o preço das votações pode subir. As áreas responsáveis por esta queda são as que mais sofreram solavancos neste começo de ano. Na política econômica, as diferenças entre os ministros José Dirceu e Antonio Palocci se tornaram públicas. Dirceu queria a flexibilização, com crescimento da economia, e teve que aceitar um contingenciamento de R$ 6 bilhões proposto por Palocci. Publicidade
Na área social, cabeças rolaram. Saíram os ministros Benedita da Silva, José Graziano e Cristovam Buarque. Os substitutos não têm muito espaço para o erro. Corre risco a maior bandeira desta governo: os programas de inserção social de milhões de brasileiros. Publicidade
E volta a ser usada uma expressão que é velha conhecida dos brasileiros, a governabilidade. Num ano político, onde as pressões são maiores e os arranjos mais freqüentes, o governo tem que demonstrar pulso firme. Prova maior destes arranjos foi o flerte, à luz do dia, entre a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT, e o ex-governador Orestes Quércia, do PMDB. Antes impensável, esta cena dá bem a dimensão de quantas barreiras são derrubadas quando está em jogo o poder. No Congresso, a convocação extraordinária, com a justificativa de se votar a PEC paralela da reforma da Previdência, acabou fortalecendo a posição contrária do presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Fica a sensação, para a sociedade, de que dinheiro público foi gasto em vão. PublicidadeTeremos mais uma semana de trabalho legislativo, em seguida vem o carnaval. E só em março o Congresso volta a funcionar a pleno vapor. Aí poderemos sentir a voracidade dos políticos. De olho nas suas bases eleitorais, cada voto no Congresso terá que ser conquistado a ferro e fogo. Especialmente se a questão em jogo envolver acertos eleitorais. O governo terá que demonstrar maturidade. Sob pena de sucumbir ao toma lá da cá que tanto criticou nas administrações anteriores. |
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