Laerte Rimoli |
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Massacre de garimpeiros por índios em Rondônia, invasão de terras produtivas por integrantes do MST (que ocuparam também a esplanada dos Ministérios, no coração do poder), presos que esquartejam e degolam na mesma Rondônia e guerra do tráfico no Rio de Janeiro, em plena Zona Sul. Essas são algumas das cenas estarrecedoras que a sociedade brasileira está assistindo nos últimos dias. Só para ficar no caso emblemático do Rio, vamos tentar identificar a responsabilidade dos dirigentes políticos no confronto entre duas gangues que partiu a cidade ao meio. No dia em que o bando do Dudu, da favela do Vidigal, desceu para invadir a Rocinha, do também bandido Lulu, a governadora do estado, Rosinha Matheus, a quem compete, constitucionalmente, cuidar da segurança, descansava em Angra dos Reis. E lá permaneceu. Na companhia do secretário de Segurança do estado e seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho, a quem chama carinhosamente de “Bolinha”. Publicidade
Estávamos, desgraçadamente, na sexta-feira da Paixão. Os dois dirigentes só foram dar as caras no trabalho na segunda-feira. Aí já tinha ocorrido a tragédia: 12 mortos, entre policiais, bandidos e uma senhora mineira que foi fuzilada na presença do marido e do filho. Publicidade
O que se viu, depois, foi o exercício puro da hipocrisia política. O governo central não se manifestou. A polícia do Rio conseguiu matar Lulu, o dono da boca de fumo e de drogas da Rocinha. E a população carioca, amedrontada, não pôde mais cruzar a Avenida Niemeyer, um dos mais belos cartões postais da Cidade Maravilhosa, ou mesmo o túnel Dois Irmãos. Os dois são os únicos caminhos que unem o Leblon, o bairro mais chique do Rio, à emergente Barra da Tijuca. Diante do caos, o coronel “Bolinha” fingiu que pediu ajuda a Brasília. Ele exigiu que o Exército cedesse 4 mil homens, mas não abriu mão do comando desse contingente. Ora, isso fere, frontalmente, o que dispõe a Constituição sobre o envio de tropas federais. A governadora Rosinha afirmou que, com a morte do Lulu, a situação estava calma. E anunciou: agora vamos caçar Dudu. Como se a eliminação dos cabeças do momento resolvesse o problema. PublicidadeAí entrou o Congresso Nacional. A Subcomissão de Segurança do Senado resolveu convocar o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, a governadora Rosinha e o secretário de Segurança, Anthony Garotinho, para uma audiência na última segunda-feira, dia 19. Quem compareceu? Apenas o prefeito e o subsecretário de Segurança do Rio, o delegado Marcelo Itagiba. Na composição da mesa, comandada pelo presidente da subcomissão, senador Tasso Jereissatti, por uma questão de respeito ao regimento, o subsecretário Itagiba não foi convidado. Ele ficou um pouco no plenário da comissão e saiu depois de uma hora do debate. Não quis admitir aos repórteres que se sentiu desprestigiado, mas afirmou que tinha compromisso mais importante no Rio. Por que, então, veio? Enquanto isso, na ex-Cidade Maravilhosa, o casal Garotinho comemorava o aniversário dele. O convite expedido foi criação dos filhos do casal. Mas eles prometem comparecer na próxima segunda-feira (26). Aí esperam ter nas mãos o escalpo de Dudu. Isso lhes dará uma sobrevida na política do Rio. Ou não? Vamos aguardar os próximos capítulos. |
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