Não seria exagero definirmos como dramático o atual quadro de sub-representação feminina nos cargos eletivos do país. A palavra “atual” é que talvez esteja mal empregada. Essa falta de representatividade é histórica.
Vejamos o caso de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Em toda a sua história de quase dois séculos (183 anos, para ser mais preciso), a Assembleia mineira teve apenas 31 deputadas. Trinta e uma! Ou seja: todas as parlamentares estaduais já eleitas no estado não encheriam metade das atuais 77 cadeiras da Casa, como mostrou reportagem recente da TV Assembleia de MG.
Resultado de um jogo sócio-político-eleitoral que é especialmente cruel e desigual para as mulheres. Um desses fatores de desequilíbrio nas disputas contra candidatos homens é a falta de espaço, vez e voz na cobertura jornalística, outro lugar em que normalmente elas também não são priorizadas. Resultado direto de menor investimento financeiro que recebem dos próprios partidos, onde os homens centralizam os esforços de campanha. Inclusive aqueles empregados em mídia.
É nesse cenário que um coletivo de mulheres jornalistas de Minas Gerais resolveu tirar das candidatas do estado em 2018 esse manto de invisibilidade. A partir de uma plataforma de conteúdos multimídia, a Campanha Libertas – Por mais mulheres na política vai acompanhar as candidaturas femininas na disputa.
As candidatas serão apresentadas em um mapa interativo, e terão suas histórias e propostas mostradas na página. Além disso, o coletivo vai fiscalizar a aplicação dos recursos do fundo eleitoral destinado a elas e fomentar o debate de ideias defendidas em suas plataformas de atuação política.
“Acredito que vivemos uma crescente demanda das mulheres por seus direitos —a gente tem reivindicado muito isso — e na política não seria diferente. Se estamos sendo apenas 10% da Câmara dos Deputados por exemplo, isso tem que mudar, e a gente precisa que isso mude num ritmo mais rápido do que o que vem mudando nos últimos anos”, afirma a jornalista Joana Suarez, uma das 11 profissionais de imprensa que compõem a linha de frente do movimento, também integrado por outras apoiadoras.
Para viabilizar o trabalho, as profissionais estão com uma campanha de financiamento coletivo no ar, via internet. Você pode ajudar, CLICANDO AQUI.
PublicidadeVeja o vídeo oficial da iniciativa.
Outros coletivos femininos pelo país, em defesa de mais mulheres na política:
– Projeto Adalgisas (Pernambuco)
– Campanha de Mulher (Mídia Ninja)
– Campanha Meu Voto Será Feminista (Pernambuco)
– PartidA (Minas Gerais)
– A Candidata (DF)
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