Que geração é essa, num país cujo verdadeiro hino nacional já foi Garota de Ipanema, que hoje apedreja moralmente uma garota que vem e que passa com um vestido rosa que sequer era a minissaia inicialmente apontada pela imprensa? Que jovens são esses que abrem mão de todo o seu fundamento cultural, pra não dizer humano, em nome do quê mesmo? Dum diploma fajuto pendurado no rabo? Da Unibronco/Unitaliban/Uniesquina? A menos, é claro, que todos sejam viados… mesmo assim, não é desculpa (ainda que São Paulo tenha a maior parada gay do mundo, poderia explicar, não justificar) pra apedrejar moralmente quem quer que seja.
Leio no blog do Luís Nassif: “Temos hoje no Brasil mais de 1.200 faculdades de direito, contra 182 nos EUA e mais faculdades de medicina do que toda a Europa (!!!!!!!!!!!!!!!!). Estamos enganando os jovens e seus pais, formando falsos preparados para nada, uma legião de desempregados diplomados: na recente inscrição para emprego de garis no Rio, inscreveram-se 2 mil com curso superior. Esse tipo de estabelecimento existe por todo o Brasil. São universidades caça-níqueis, sem qualquer compromisso real com a educação, porque não são lideradas por educadores de verdade e sim por comerciantes para quem tanto faz escola como posto de gasolina.”
As melhores universidades norte-americanas e europeias não têm fins lucrativos, são fundacionais e rigorosamente avaliadas pelo corpo discente: ninguém investe o futuro dos filhos em estabelecimentos fajutos; nos EUA, é rara a boa universidade com menos de 70 anos de fundação, as grandes têm dois séculos. Na Europa, daí para mais.
Conforme informado pelo Congresso em Foco, já na segunda, 9/11, o deputado Ivan Valente (Psol–SP) e Angela Portela (PT-RR) apresentaram à Comissão de Educação e Cultura (CEC) requerimento de audiência pública exigindo explicações da Uniban sobre os motivos da expulsão da estudante em pauta, cogitando ainda a possibilidade de cassação da licença de ensino da “universidade”.
Mas não devíamos estranhar isso, uma vez que atualmente a Igreja católica condena a criança violada e não o violador, apenas lembrando o acontecido recentemente no Recife. São dois fatos ocorridos no interior dum mesmo contexto histórico-social mas que ressoam perfeitamente afinados com a presente dessolidarização em massa, com o elogio hipócrita da “moral e dos bons costumes”, e tudo isso para quem, cara pálida? Quem ganha com essa atitude neonazi-quakeróide?
Quem ganha com o progressivo e massivo acovardamento moral da sociedade? Com esse puritanismo neocon glacial, excludente e xenófobo, que não tem nada a ver com a cultura brasileira que vem e que passa (porque continua vindo e passando como essa estudante) seu doce balanço a caminho do mar? Hem?
By the way, Caetano Veloso: não ajuda nada ficar declarando que vai votar na Marina que “pelo menos não é analfabeta como o presidente Lula”. Assim você só atira no pé, santa. Se suicida antecipada e culturalmente para sempre. Requiescat in pace.
Idem, ibidem os alunos fascistóides da Uniban.
O fato de a Uniban ter voltado atrás na expulsão significa que o fez unicamente em razão de a repercussão negativa “no mercado” prejudicar o “marketing” da empresa, por temor às represálias jurídicas, sobretudo as do MEC, sem contar as policiais (Delegacia da Mulher) e da Justiça comum, e não por reconhecer ter tomado uma decisão errada. Falando em marketing: garanta sua vaga na Uniban, ela já vem com linchamento totalmente grátis!
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