Antonio Goulart*
Nesta data especial, convido você a refletir sobre algumas questões: será que temos tido motivos suficientes para comemorar o Dia da Criança ou ainda há muito que se fazer? Em sua vida, o que você atribui a essa fase que muitos dizem ser a melhor? Essas são dúvidas que tenho quando penso sobre a questão da criança no Brasil.
Em vez de pensarmos nelas apenas como o futuro do país, temos que fazer todo um esforço para colocá-las no centro de nossas atenções. Elas são o presente e, se bem cuidadas, serão capazes de promover um amanhã melhor. Sei que parece óbvio, mas quanto mais investirmos nelas agora, mais retorno teremos quando forem adultas.
Mas o caminho para chegarmos até esse ponto desejado tem sido difícil. O desafio, em muitos momentos, está em conseguir criar condições mínimas de acompanhamento, mais do que isso, fazer valer o Estatuto da Criança, criado na década de 90, mas não cumprido em sua totalidade. Ele prevê a garantia real da infância, o direito à saúde, o direito à família e à educação.
É preciso investir nas crianças não apenas em termos financeiros, mas em um nível mais profundo, da cidadania. Caso as crianças aprendessem desde cedo o seu papel na sociedade tudo poderia ser diferente. Por meio da educação – aqui me refiro ao ensino de qualidade, humanístico, formador e não ao método de transferência de conhecimento – é possível transformar o indivíduo em ator social de sua própria história.
Grandes distâncias entre residência e escola, falta de transporte público nos horários necessários ou, até mesmo, dificuldade em fazer a matrícula onde se deseja, são apenas algumas situações enfrentadas pelos pais quando o assunto é ensino público. Imaginem ir à escola sem nem ao menos ter o que calçar. Será que você conseguiria aprender algo com os pés descalços? Outra questão importante é a merenda. Não podemos oferecer apenas comida, mas, sim, uma refeição de qualidade. Isso parece óbvio, mas não tem sido levado a sério nos últimos anos em nosso país.
Oferecer uma merenda com alto valor nutricional, que estimule a diversidade alimentar e a consciência ambiental, por meio da inclusão de produtos hortifrutigranjeiros que seguem normas orgânicas, por exemplo, é algo que traz benefícios para todos. Isso porque a gestão pública compra o que é necessário e correto e as crianças recebem uma alimentação balanceada. Na cidade de São Paulo, há um movimento político fortemente interessado em contribuir para a melhoria daquilo que é levado às mesas das escolas públicas. É quase impossível o aluno prestar atenção em uma aula sonhando com o almoço. E nós sabemos quão inventivas são as crianças.
Esses são alguns dos motivos que me levam a acreditar que é importante começars a pensar nas crianças todos os dias e não apenas no feriado do dia 12 de outubro. Somente assim teremos como comemorar por elas e, mais do que isso, criar condições para que elas mesmas celebrem essa fase da vida quando forem adultas.
* Antonio Goulart é vereador pelo PMDB-SP.
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