O capitão nunca foi o candidato da “Aliança do Coliseu”, coalizão liderada pela Globo com setores anti-nacionais da burocracia estatal com o objetivo destruir a política e qualquer cheiro de projeto nacional de desenvolvimento.
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O presidente foi um surfista da onda levantada pela Aliança. Quanto mais a “República de Curitiba” e o JN detonavam a política, mais o “outsider” fortalecia seu posicionamento de candidato anti-establishment pela direita.
Eleito, foi útil para o presidente colocar como seu auxiliar uma pessoa que gozava de prestígio popular superior ao seu. Para Moro, o ministério era a ponte para o STF ou mesmo para a sucessão.
A Aliança seguiu unida. Toda vez que o ministro se via em apuros, surgia uma entrevista especial no Fantástico para defendê-lo.
Quando Bolsonaro partiu para cima da Globo, circulou que a equipe de Moro era a fonte de vazamento do COAF sobre Flávio Bolsonaro, munição que alimentava a bateria da emissora contra o Capitão.
A grande mídia dizia que o governo possuía alguns pólos, formados por “ajuntamentos”. Na política como no amor, casamentos de conveniência são contratos sem juras de fidelidade.
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Os generais da reserva foram os primeiros a serem abatidos.
Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro trataram da infantaria.
Quando as defesas já estavam deterioradas, o Capitão demitiu e fez chacota. Teve de tudo, até “general melancia”.
Há quanto tempo não se ouve uma palavra de Mourão?
O segundo pólo seguia liderado por Moro. Até que veio a Vaza Jato. O enfraquecimento do ex-juiz quebrou sua “sacralidade” e abriu uma oportunidade. Bolsonaro não deixou passar.
O poder é cruel, não perdoa. Ao vestir em Moro, visivelmente constrangido, a camisa do Flamengo num estádio de futebol, o Capitão dizia com todas as letras: “amigo, agora você depende de mim, recolha-se ao seu lugar”.
Daí pra frente foi um show de sadismo. Desmoralizou o ministro decretando que o projeto dele no Congresso não era prioridade. Mandou-o fazer troca-troca com Ricardo Salles. Debochou da assinatura dele transformando-a em Lula Livre.
E seguiu em marcha batida. Retirou de Moro ou da tal “lista da corporação” qualquer influência sobre a indicação do próximo PGR. Extinguiu o COAF e removeu seus “ossos” da Justiça para o Banco Central. Fez do ministro “Rainha da Inglaterra” intervindo na PF e na Receita.
Dos três núcleos de poder que rondavam o Planalto, apenas Guedes continua vivo.
Na ânsia de retomar a iniciativa, parte da esquerda resolveu se intrometer na briga. Pra defender quem? Corporações que operaram pela construção do arbítrio? Moro? A Globo?
Em agosto de 1944, durante a Segunda Guerra, estourou a Revolta de Varsóvia, um levante polonês contra a ocupação nazista. Os nacionalistas poloneses também eram anticomunistas.
Apesar disto, eles contavam com o apoio do exército vermelho contra os alemães.
A poucos metros da batalha, Stalin decidiu cruzar os braços. Deixaria os dois se enfrentarem. Mais tarde ocuparia a Polônia como um todo, enfrentando apenas o vitorioso já desgastado pela batalha anterior. Foi o que aconteceu.
Na guerra, todos os movimentos devem ser medidos. Cruzar os braços também pode ser um deles.
Parabéns! Excelente matéria! Abordagem perfeita, e com profundidade!