Dia desses fui recebido pelo deputado Felipe Rigoni, recém-eleito para a Câmara pelo PSB do Espírito Santo. Felipe tem 27 anos de idade, começou a carreira política em 2016 como candidato a vereador em Linhares (ES) sua cidade natal. Não foi eleito, na época, em virtude de sua então legenda, o PSDB, não ter atingido o coeficiente eleitoral.
Nas últimas eleições, migrou para o Partido Socialista Brasileiro e foi eleito como o segundo mais votado no estado.
Felipe é cego desde os 15 anos de idade devido a uma doença degenerativa. Formou-se em engenharia de produção como o melhor aluno da sua turma pela Universidade Federal de Ouro Preto. Possui mestrado em políticas públicas pela Universidade de Oxford. Foi bolsista da Fundação Lemann e Estudar.
O jovem deputado defende a gestão eficiente e inovadora do Estado, e a promoção de igualdades através da educação básica e desenvolvimento socioeconômico.
Na conversa sobre sua vida pessoal, Felipe demonstra segurança e determinação. É bem-humorado, sorridente e acolhedor. Na política demonstra conhecimento das questões nacionais e desenvolve seus argumentos com clareza e dinamismo.
Leia também
>> Primeiro deputado cego silencia a Câmara com discurso de superação pessoal e chamado à mudança
PublicidadeNa realidade, Felipe Rigoni age como se fosse o jóquei de sobrenome homônimo Luiz Rigoni que alegrou milhares de fãs com suas vitórias. Rigoni, o jóquei, montava seus cavalos equipados com antolhos para que olhassem sempre à frente. A destreza no comando do parceiro valeu-lhe o apelido de “O homem do violino” pela leveza do desempenho dos dois. “Dá-lhe, Rigoni!”, gritava o público.
Felipe, sem antolhos e sem visão, caminha para frente querendo transformar o Brasil e seus cidadãos. Dá exemplo, não sente discriminação, e fala forte e seguro em direção ao futuro. Não usa óculos para disfarçar a cegueira, nem bengala para se orientar. Utiliza tecnologia de ponta, está nas redes sociais e conversa através de mensagens faladas.
É com a história de Felipe que se chega ao episódio de “estica corda” que atingimos no desenrolar do inquérito aberto para investigar ameaças a alguns dos ministros da nossa Suprema Corte.
A retirada da venda de um dos olhos da Justiça não resolveu a questão. Ao contrário, os antolhos colocados não indicam um olhar à frente, mas, sim, a insistência em não se enxergar seus arredores. O confronto de ideias que dominavam os debates se transformou em quase unanimidade contra o inquérito que se instalou.
>> Primeiro deputado cego do Brasil quer fazer mandato coletivo na Câmara
As frequentes críticas feitas ao ministro Gilmar Mendes, quando da sua recente estada em Portugal, na qual um transeunte, proferindo impropérios em português e inglês, atingem nosso Poder Judiciário e circula nas redes sociais afetando seus pares que, sequer, estão de acordo com o inquérito, e, ainda, envolvem advogados, procuradores e outros órgãos do judiciário..
É fato que muitos juristas têm se mantido distantes da celeuma. No entanto, nos ambientes restritos, se manifestam horrorizados com a direção tomada pelos dois ministros responsáveis pelo desgaste do nosso judiciário. O silêncio e a omissão nos causam a perda de confiança devotada aos advogados pela população.
É preciso que os líderes do momento tirem as vendas, olhem, enxerguem e retifiquem os erros cometidos diariamente que causam estupor e desesperança aos cidadãos brasileiros. E tem que ser rápido, agindo como o deputado Felipe que galopa em sua montaria chamado Brasil: “Dá-lhe, Rigoni!”
>> Conheça o perfil dos novos parlamentares federais
>> Outros artigos do mesmo colunista
Deixe um comentário