Executivos da Odebrecht afirmaram, durante delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recebeu doações de caixa dois em 2010 e 2014 que somam cerca de R$ 8 milhões. As informações foram trazidas aos membros do Ministério Público Federal por um dos operadores da empresa, Ricardo Roth; pelo ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis; e dos ex-diretores João Pacífico e Alexandre Barradas.
O governador tucano foi apresentado a Fernando Reis pelo ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO). À época, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental estava interessado em firmar um acordo junto aos políticos de Goiás para sugerir a participação da empreiteira em uma obra de saneamento básico para a área das cidades que ficam na divisa do Distrito Federal, como Valparaíso e Planaltina de Goiás. Ao final de um dos jantares realizados para falar sobre o projeto, Perillo fez um pedido avaliado por Fernando Reis como “absolutamente inviável”.
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“Na saída do elevador ele [Marconi Perillo] me disse assim: ‘Minha expectativa de uma contribuição da Odebrecht é da ordem de R$ 50 milhões’. Aí eu disse que o valor era absolutamente inviável. O que a gente sugeriu à Odebrecht foi uma doação de R$ 8 milhões, que foi feita”, alega o ex-presidente. Veja no vídeo abaixo a íntegra da delação.
Fernando Reis explicou ainda que os propósitos dos encontros eram garantir que as privatizações e concessões do estado de Goiás, tanto do transporte público quanto de saneamento, fossem conquistados pela Odebrecht. Entretanto, o executivo afirma que os projetos não saíram do papel: “O entorno goiano não mudou. Estamos no final do segundo mandato do governador e nada foi feito”.
Campanhas eleitorais
Além disso, Marconi Perillo recebeu valores que somam R$ 3.550 milhões para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014. De acordo com o ex-diretor da empreiteira Ricardo Roth, as doações foram feitas em valores não oficiais. Os valores saíram do “sistema de operações estruturadas” – ou simplesmente “departamento da propina”, como o setor ficou popularmente conhecido. João Pacífico e Alexandre Barradas também falaram sobre os mesmos repasses.
Em nota, o governador afirmou que só irá se manifestar após conhecimento integral do teor das declarações apresentadas. Perillo também reiterou “que acredita na Justiça e que irá esclarecer qualquer eventual questionamento, mesmo porque, até o presente momento, não há qualquer inquérito autorizado pelo Poder Judiciário em tramitação no STJ, sendo impossível uma manifestação acerca de citação sem a devida contextualização”.
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