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Autor de um pedido de proteção da Polícia Federal à blogueira, enquanto ela estiver no país, Mendonça Filho se irritou com um manifestante que gritava e exibia um cartaz com a frase “Fora, Yoani, Ianque Gusana. Go home!”. O deputado disse ter recebido ameaça de agressão do manifestante e, nervoso, passou a discutir com ele. E por pouco não partiu para o embate físico em meio ao tumulto causado pela movimentação de dezenas de seguranças, parlamentares, fotógrafos e jornalistas que acompanhavam Yoani rumo a um estacionamento.
“Isso é intolerância, agressão mole!”, bradou o deputado pernambucano ao Congresso em Foco, querendo dizer em linguajar nordestino que a manifestação foi “covarde”. “Isso é antidemocrático. Pensam que vão nos intimidar. Ele [o manifestante] me agrediu, me ameaçou, disse que ia me ‘mapear’. Mapear o quê? Eu lá tenho medo de uma vagabundo desses?”, acrescentou Mendonça, que recebeu apoio de outros parlamentares durante a briga.
Mais calmo, e já com toda a imprensa ao redor, o deputado comentou a visita da blogueira, que ficou por quase três horas na audiência. “Ela deu uma demonstração de democracia, de liberdade que esses intolerantes que estão aí… eles estão defendendo uma causa perdida. Eles defendem uma ditadura [cubana], e não querem aceitar a liberdade de uma estrangeira a quem tem de ser assegurado o direito de livre expressão no território brasileiro”, completou o deputado, dizendo-se defender o direito de uma estrangeira “dentro da Casa do legislativo brasileiro”.
PublicidadeTanto antes como ao fim da audiência, Yoani fez questão de elogiar as manifestações. Para ela, seria impossível populares fazerem o mesmo em Cuba, face à repressão do governo. Ao deixar a sala, ela conseguiu se expressar ao Congresso em Foco em meio a uma parede de seguranças e disse, sorridentemente, que estava muito feliz com a visita e que retornaria ao Brasil.
Ânimos exaltados
Mais cedo, depois da exibição do documentário, a fala de um dos deputados foi interrompida por mais confusão. Uma servidora da Câmara se desentendeu com o fotógrafo Beto Barata, do jornal O Estado de S. Paulo, e foi fazer uma queixa à polícia legislativa. Um dos seguranças da Câmara, diante da reclamação, tentou retirar à força o profissional de imprensa, mas foi impedido de fazê-lo por diversas pessoas que acompanhavam a audiência. Depois de algum bate-boca, que chegou a interromper a explanação do parlamentar, a servidora deixou espontaneamente a sala da comissão, e o fotógrafo pode continuar seu trabalho.
Do lado de fora da sala, policiais da Câmara tentavam conter os ânimos de manifestantes contrários às críticas da blogueira ao regime de Fidel Castro, que há mais de 50 anos domina a política de Cuba. Com bandeiras da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da Central de Movimentos Populares (CMB), eles alternavam palavras de ordem como “Yoani, eu já sabia, quem financia é a CIA [central de inteligência norte-americana]” – para os manifestantes, Yoani está a serviço do governo dos Estados Unidos, arquirrival de Cuba.