O vice-presidente Michel Temer (PMDB) decidiu fortalecer o setor de comércio exterior da sua gestão que deve começar nesta quinta-feira com o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff por decisão do Senado. O peemedebista avisou aos principais aliados no Congresso que pretende dar prioridade à atuação da Câmara de Comércio Exterior (Camex), inclusive assumindo o comando do órgão superior de deliberação do colegiado, até agora sob responsabilidade do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Temer convidou o senador José Serra (PSDB-SP) para dirigir o Ministério de Relações Exteriores e avisou ao parlamentar que vai transferir a Camex para o Itamaraty. O objetivo do novo governo é criar imediatamente melhores condições para aumentar em volume e em valor as exportações de manufaturados e commodities brasileiras. Além disso, o Itamaraty terá como prioridade a atração de investimentos estrangeiros que foram suspensos com o agravamento das crises econômica e política no Brasil. Nesse caso, Serra atuará como secretário-executivo da Camex.
Outra alteração prevista por Temer neste setor é a transferência da estrutura da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex) também para o Itamaraty, sob a coordenação de Serra. A agência, também ligada administrativamente ao MDIC, é a responsável pela promoção comercial de produtos e serviços brasileiros no exterior. O senador Serra escolherá os dirigentes da instituição e pretende incrementar as rodadas de negócios, feiras internacionais e uma atuação mais ousada junto aos potenciais compradores de produtos e serviços brasileiros.
O Conselho de Ministros, que Temer pretende presidir, é o órgão de deliberação superior e final da Camex. Atualmente é composto pelos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que o preside, da Casa Civil, das Relações Exteriores, da Fazenda, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Planejamento e do Desenvolvimento Agrário.
Segundo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), dado como nome certo para assumir o Ministério do Planejamento, Temer já orientou à sua nova equipe, especificamente à área econômica, que pretende discutir a possível adesão do Brasil ao tratado Transpacífico, o maior acordo comercial internacional e assinado, entre outros países, pelos Estados Unidos, pelo Japão e por outras dez economias da região do Pacífico. O Brasil ficou de fora do acordo por decisão do governo Dilma Rousseff, que preferiu priorizar o Mercosul e acordos paralelos com países específicos da América Latina.
Temer acredita que a adesão ao acordo Transpacífico pode baratear os itens brasileiros exportados para a Ásia, principalmente carnes de frango, porque possibilitará a exportação dos produtos por portos de países da América do Sul com saída pelo Pacífico. Jucá também informou que o novo governo pretende rediscutir a participação do Brasil no Mercosul.
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