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“Essa não é função do vice-presidente da República”, sentenciou Temer, presidente nacional do PMDB, primeiro na linha sucessória de Dilma e apontado como um dos prováveis presidenciáveis para 2018.
Depois, ao comentar declarações do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, Temer voltou a sinalizar que não ajudará Dilma na batalha que se anuncia no Congresso. “O vice Michel Temer tem longa trajetória de democrata e constitucionalista. Assim como nós, Temer não vê nenhum lastro para esse processo de impeachment”, disse o ex-governador da Bahia, ao rebater nesta quinta-feira (3), em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, as acusações de Cunha sobre a “barganha” que Dilma teria patrocinado com a Câmara para não sofrer processo de impeachment.
Jaques Wagner se referia à conversa que Dilma e Temer tiveram ontem pela manhã, no dia seguinte ao anúncio de Cunha sobre o impeachment. De maneira concisa, o vice-presidente também negou a opinião a ele atribuída pelo ministro sobre o processo de deposição. “Eu não disse isso em momento algum da minha conversa com a presidente”, refutou o peemedebista, constitucionalista e autor de livros sobre Direito Constitucional.
Nos bastidores do poder em Brasília, especula-se que Temer está por trás de um movimento do PMDB para ocupar a Presidência da República em caso de queda de Dilma. Em agosto, o vice-presidente causou mal estar no Planalto ao afirmar que o Brasil precisa de alguém que o reunifique, e à época já havia sinalizado que deixaria, como o fez, a articulação política do governo. Desde quarta-feira, quando Cunha anunciou que daria andamento ao processo de impeachment, tem mantido reserva em relação ao processo de impeachment.
Institucional
PublicidadeEm meio à crise política, que ameça o mandato de Dilma e atrapalha a retomada do crescimento econômico, Temer se limitou a manifestar otimismo na edição desta sexta-feira (4) o jornal Folha de S.Paulo. “Espero que ao final deste processo o país saia pacificado”, postulou o cacique do PMDB, partido que já anunciou candidatura própria à sucessão de Dilma em 2018, como o Congresso em Foco adiantou em junho.
Temer conversou rapidamente com Dilma e lhe sugeriu que agisse institucionalmente – na última quarta-feira (2), ao saber da decisão de Cunha, a presidente deu tons pessoais ao discurso em que atacou o deputado peemedebista ao dizer que não tem contas secretas no exterior ou responde a processo judicial, como é o caso do desafeto, alvo da Operação Lava Jato. O vice-presidente também conversou na manhã de ontem (quinta, 3) com o próprio Cunha e com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ).
Instado por ministros a sair em defesa de Dilma, Temer é considerado figura-chave no jogo político ensejado com a abertura do processo de impeachment, decisão tomada por Cunha horas depois de saber que os três membros do PT no Conselho de Ética Câmara, onde seu mandato está em jogo, votarão pela procedência da representação do Psol e da Rede por quebra de decoro parlamentar. Segundo o jornal paulista, por sua posição central na atual conjuntura do governo, Temer “enfrenta ataque especulativo da cozinha do Planalto para que manifeste apoio à petista”, mas tem preferido se afastar da polêmica.
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