O presidente Michel Temer resolveu fazer um rodízio entre parlamentares investigados na Operação Lava Jato ao definir as novas lideranças do governo. O peemedebista confirmou, neste sábado, a ida do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para a representação do governo no Senado. A vaga deixada por Jucá como líder do Planalto no Congresso será ocupada pelo deputado André Moura (PSC-SE), que respondeu por Temer na Câmara até o final de fevereiro, quando foi substituído na função por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Embora sejam de três partidos diferentes (PMDB, PSC e PP), os três têm muito comum: todos são investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro em inquéritos relacionados ao esquema de desvios criminosos na Petrobras. E também acumulam outras acusações criminais.
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As denúncias não constrangem o presidente, citado também em delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Ao todo, cinco ministros de Temer respondem a acusações criminais no Supremo e nove foram delatados ou aparecem na planilha da Odebrecht.
Jucá voltará a ocupar o cargo no qual se sente mais à vontade. O atual presidente do PMDB será líder no Senado do quarto presidente consecutivo. O senador por Roraima já liderou os governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Dilma (PT). Desde a redemocratização, Jucá só não foi líder de três presidentes: José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. No ano passado, sua passagem pelo Ministério do Planejamento se resumiu a uma semana e meia. Deixou a pasta após a divulgação de áudios com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em que defendia a troca de governo para “estancar a sangria” da Lava Jato.
O velho novo líder do governo no Senado é alvo de oito investigações no Supremo. No Inquérito 3989, da Lava Jato, Jucá responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva. Também é investigado nos inquéritos 3297, 2116, 2963 por crimes eleitorais, de responsabilidade e contra a ordem tributária, apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica. Apenas em 2016, mais quatro inquéritos (4211, 4267, 4326 e 4347) foram instaurados na corte contra o senador. Em ampla maioria, as investigações são por crimes de corrupção passiva e ativa, ocultação de bens e formação de quadrilha.
Um dos procedimentos diz respeito à origem e ao destino de R$ 100 mil jogados para fora de um carro por um de seus auxiliares momentos antes de ser abordado pela polícia. O ato ocorreu durante a campanha eleitoral de 2010. O assessor disse que o dinheiro seria usado na campanha de Jucá.
Réu três vezes
PublicidadeJá o novo líder do governo no Congresso, André Moura, responde a quatro inquéritos e três ações penais. Uma das suspeitas é por tentativa de assassinato. Ele chegou a ser barrado pela Lei da Ficha, em 2014, devido a uma condenação por improbidade administrativa e a contas rejeitadas quando era prefeito de Pirambu (SE). Sua gestão à frente do município sergipano deixou um rastro de complicações na Justiça. As acusações contra o parlamentar vão de desvio ou utilização de bens públicos, improbidade administrativa, apropriação indébita e crime de responsabilidade.
Na Lava Jato, ele é suspeito de atuar em conjunto com outros aliados de Eduardo Cunha para chantagear empresas na Câmara. Mais: um ex-prefeito, com o qual rompeu politicamente após anos de aliança, o acusa de tentativa de assassinato. O parlamentar atribui as denúncias a desavenças locais.
Ex-líder do PP, Aguinaldo Ribeiro será a voz do Planalto na Câmara. O deputado responde a dois inquéritos no Supremo, um deles da Lava Jato. O novo líder do governo é suspeito de ter recebido dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras na cota de seu partido, que controlava a Diretoria de Abastecimento da estatal.
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