O presidente Michel Temer reagiu às críticas ao seu governo feitas pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em entrevista a José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, Temer disse que não pode brigar com quem não é presidente da República. Segundo ele, o ex-presidente do Senado é conhecido pelo comportamento de quem “vai e volta” em relação aos governos. “Sobre Renan, eu compreendo as dificuldades dele. Ele sempre agiu desta maneira. Ele vai e volta. Estou tratando com muito cuidado e não posso estar brigando com quem não é presidente da República”, disse o presidente à Rádio Bandeirantes.
Renan tem sido insistente nas críticas a Temer. O senador já disse que não há chance de aprovação da reforma da Previdência, proposta considerada “exagerada” por ele. Em um dos ataques mais abertos, comparou na última terça-feira (4) o presidente ao ex-treinador da seleção brasileira Dunga.
“O Brasil está cobrando que o governo funcione. Reclama que o governo está mal escalado, jogando para trás. O governo, como está, parece a seleção de Dunga. Nós queremos a seleção de Tite para dar a orientação”, fustigou Renan, que na semana passada já havia encabeçado a lista de senadores do PMDB que se posicionaram – em vão – contrariamente à sanção do projeto de lei que regulamenta a terceirização do trabalho no Brasil. Além das recentes declarações contra o governo, a postura de Renan contra a sanção contrariou o Planalto e irritou Temer.
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Ainda na entrevista à Rádio Bandeirantes, Temer disse não se envolveu em “bandalheira” e, por isso, não tem medo do julgamento que pode cassar seu mandato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso, que se arrasta há dois anos e meio, começou a ser analisado na última terça, mas foi adiado a pedido da defesa da ex-presidente Dilma. Não há data para a retomada do julgamento. “Não tive participação em nenhuma bandalheira. Desejo, para tranquilidade minha e do governo, que se decida rapidamente porque aí retira a pauta negativa da frente”.
Datena contestou o presidente por ter feito ilação com um termo utilizado por ele em outro comentário. “Acho que o senhor e a Dilma estão juntos e misturados. Na hora de tirar fotografia, botar a chapa, tomar champanhe, erguer os braços, vocês estavam juntos, o PT, o PMDB, o senhor e a ex-presidente Dilma. Eu não disse que o senhor fez bandalheira, mesmo porque não tenho condição de dizer que o senhor fez bandalheira. Quem disse foi o Marcelo Odebrecht. Não fui eu. O que eu disse é que a classe política brasileira está fazendo bandalheira pra caramba. É uma sujeira desgraçada. O que eu disse é que até agora o senhor fez muito pouco pelo país, pelo tempo que está, não sei o tempo que o senhor tem”.
O peemedebista defendeu a separação de suas contas da prestação de Dilma. Segundo ele, o ideal é que o TSE declare “a improcedência da ação”. “Isso daria tranquilidade ao país”, disse. “Estou deixando correr lá o processo no seu ritmo normal. Mas o meu desejo é que isso seja decidido o mais breve possível”, acrescentou.
PublicidadeConfira a entrevista de Temer a Datena:
Renan compara governo Temer à “seleção de Dunga”: “Queremos a seleção do Tite”