A sindicalista diz que tem conhecimento de corrupção na Saúde do Distrito Federal desde que entrou no serviço público, em 1983. Só agora, porém, disse ter conseguido investigar as denúncias. Para tentar comprovar o que fala, Marli gravou áudios em que aparecem o vice-governador Renato Santana e o ex-secretário de Saúde Fábio Godim fazendo menção a fraudes no sistema de saúde do Distrito Federal. Fábio foi exonerado em 2 de março deste ano.
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Durante o depoimento, a sindicalista disse que entregou ao Ministério Público, nessa quarta-feira (20), provas de suas acusações. Esses documentos, porém, não foram repassados aos distritais. Marli disse que poderia não responder a alguns questionamentos dos deputados para não interferir na investigação do Ministério Público. Porém, os parlamentares se posicionaram contra o pedido do MP. Marli respondeu aos questionamentos. Segundo ela, todas as perguntas seriam respondidas em respeito à sua família – representada em plenário por duas filhas da sindicalista de 51 anos.
O relator da CPI, deputado Lira (PHS), afirmou que os relatos de Marli são apenas o início de uma investigação. “Saio frustrado desta oitiva, porque não foram apresentadas provas”, disse o deputado. O presidente da comissão, Wellington Luiz (PMDB), ressaltou que os indícios são suficientes para que seja iniciada uma investigação “crucial” para colocar a saúde do DF no caminho certo.
A Secretaria de Saúde, por sua vez, respondeu a todas as acusações de Marli e ressaltou que não há nenhum indício de corrupção nas ações da gestão de Rollemberg pasta.
PublicidadeDe motorista a subsecretário
Marli acusou a primeira-dama de ter nomeado o seu motorista Marcello Nóbrega para o cargo de subsecretário de administração geral da Secretaria de Saúde. O deputado Bispo Renato (PR) avaliou a denúncia como “gravíssima”. No intervalo da comissão, o parlamentar disse que o”Diretor-Geral de Administração é o coração de uma secretaria” e que precisa ser ocupado por um profissional de notória capacidade técnica.
Nóbrega, segundo ele, é o principal autorizador de despesas da pasta da Saúde. De acordo com a sindicalista, ele tem mais poderes administrativos que o próprio secretário. “Por que ele foi colocado lá? Pela capacidade técnica ou para gerenciar as propinas que estão propagadas?”,questionou o parlamentar que é de oposição ao governo Rollemberg.
Em defesa do governador, o deputado Roosevelt Vilela (PSB) acusou a sindicalista de estar usando a CPI como “palco político”. “Se ela diz que tem informações e não quer fornecer, ela detém contra a legislação”, disse o distrital, que, exaltado, chegou a ser interrompido pelo presidente da comissão – no momento mais caloroso de debate.
A comissão aprovou a convocação de todas as pessoas citadas por Marli Rodrigues e recebeu apoio dos delegados da Polícia Civil do Distrito Federal nas investigações. O depoimento já dura cerca de três horas. No período da tarde, o vice-governador Renato Santana dará o seu depoimento à CPI.