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Ao chegar, a senadora foi recebida por um grupo de aproximadamente 20 pessoas, a maioria mulheres, do grupo Rosas pela Democracia, contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em um gesto de solidariedade, as manifestantes entregaram flores à Gleisi e a acompanharam até o plenário. Chegando lá, a senadora discursou para parlamentares da base aliada do governo, em defesa de Paulo Bernardo.
“A prisão de Pulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva? Prevenir o que? Um processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência feita, nenhuma oitiva realizada mesmo por diversas vezes ter ele solicitado para depor? Qual risco oferecia meu companheiro para a ordem pública?”, questionou Gleisi Hoffmann.
O ex-ministro foi preso preventivamente na Operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato. Integrantes da Polícia Federal, do Ministério Público e da Receita Federal estimam que o esquema de fraudes que levou à sua prisão movimentou cerca de R$ 100 milhões em propinas entre 2010 e 2015. Segundo os investigadores, R$ 7 milhões foram repassados a um escritório de advocacia ligado a Bernardo. Desse total, 80%, cerca de R$ 5,6 milhões, foram transferidos para o ex-ministro, de acordo com a PF.
“Conheço o Paulo há muitos anos. Sei das suas virtudes e de seus defeitos, sei especialmente o que não faria. E não faria uso do dinheiro alheio para benefício próprio”, disse Gleisi “Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o que estão acusando. Ele sabe que eu não o perdoaria, que a sua mãe não o perdoaria”, acrescentou.
A senadora ressaltou que o patrimônio do casal é compatível com a sua renda, e que não há provas materiais de enriquecimento ilícito. Gleisi criticou o aparato policial movimentado pela operação, considerado “surreal”. “Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros. Para quê isso?”, indagou. Para ela, toda essa mobilização “foi uma clara tentativa de humilhar um ex-ministro dos governos Lula e Dilma”.
A ação da PF durante a busca e apreensão em seu apartamento também foi criticada. “Nas remexidas em minha casa, nem o computador que meu filho adolescente utiliza em seus trabalho foi poupado. Agora é prova de processo criminal. Tentei impedir, disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia, o que não aconteceu. Foi doloroso olhar para o meu menino naquele momento. Buscaram achar dinheiro, cofres, documentos que pudessem nos incriminar, não encontraram nada. O que provavelmente tenha frustrado a ‘Operação Espetáculo'”, disparou a petista.
Para Gleisi, a operação também visava fragilizar a atuação da defesa da presidente Dilma Rousseff na comissão do impeachment. “É também uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores e senadoras que discordam dos argumentos que ora vem sendo usados para afastar uma presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos”, disse a senadora, que se ausentou das duas últimas reuniões da comissão do impeachment.
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