O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), foi convidado a esclarecer na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado as recentes denúncias envolvendo a pasta e seu nome. Dois requerimentos aprovados nesta quarta-feira (16), inicialmente de convocação, foram transformados em convite após acordo entre oposicionistas e senadores da base aliada. A intenção é que Lupi seja ouvido amanhã (17) pela manhã.
Os requerimentos foram apresentados pelo líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), e pela senadora Ana Amélia (PP-RS). Ambos têm o mesmo objeto: as denúncias de cobrança de propina para liberar repasses para entidades e organizações não-governamentais (ONGs). Os senadores também querem saber se Lupi conhece ou não o empresário Adair Meira, que comanda uma rede de ONGs conveniadas com o ministério.
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“Foram se avolumando as denúncias de irregularidades e permanece a controvérsia de declarações que não se confirmam com a realidade”, disse Ana Amélia. Ela ressaltou que o convite deve ser feito rapidamente, sob pena de Lupi não estar mais no cargo quando a audiência for marcada. “Dilma tem sido muito atenta no sentido de evitar a contaminação do governo. É preciso fazer o convite ainda hoje para estar presente amanhã”, completou.
Senadores da base aliada como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Ana Rita (PT-ES) e Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiaram o convite a Lupi. Vanessa foi a primeira a sugerir que os requerimentos fossem transformados em convite. “Avalio que seja a disposição do ministro Carlos Lupi comparecer a esta comissão”, afirmou Suplicy. De acordo com o presidente da CAS, Vital do Rêgo (PMDB-PB), ainda não foi possível contatar o ministro. Ele adiantou que pretende marcar a audiência até às 10h30 desta quinta-feira.
Situação delicada
A situação do ministro se complicou nos últimos dois dias. O Palácio do Planalto já discute a eventual saída do ministro do governo. Fotos publicadas pelo site Grajaú de Fato mostram Lupi descendo de um avião King Air no Maranhão. De acordo com a revista Veja, a aeronave foi alugada por Adair Meira, empresário e dono de ONGs que têm convênios de R$ 14 milhões com o ministério. No último fim de semana, a assessoria de Lupi divulgou nota contestando a informação. De acordo com a pasta, o ministro tinha viajado num Sêneca, bancado pelo próprio PDT. Na semana passada, o pedetista negou conhecer Adair, em depoimento prestado à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. A versão de Lupi foi contestada pelo empresário em em entrevistas publicadas nessa terça-feira.
“Queria contestar essa história do ministro. Eu queria dizer claramente que o ministro está equivocado ou está sem memória. Acho que essas palavras bastam por enquanto: ele está equivocado ou sem memória”, disse o empresário em entrevista ao jornal O Globo. Ele negou ter arcado com as despesas da viagem, mas confirmou ter voado um trecho com o ministro e ter indicado a empresa que alugou a aeronave (leia mais).
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