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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que começou a analisar o inquérito semana passada, disse ao Congresso em Foco que pedirá ao Supremo a realização de diligências para obter mais provas. Com esse material em mãos, ele decidirá se oferecerá denúncia contra Mabel. Uma das lacunas na papelada é a falta de um laudo que comprovaria se são verdadeiras ou falsas as assinaturas do deputado nas nomeações dos servidores cujos salários foram sacados pela “quadrilha da creche”.
Em uma das muitas variantes do golpe da creche, o inquérito 1914/11 da Polícia Federal apurou a fraude no pagamento de vale-transporte para o pasteleiro Severino Lourenço dos Santos Neto por meio do ex-motorista de Mabel, Francisco José Feijão de Araújo, conhecido por Franzé. Em parecer à 12ª Vara Federal de Brasília, o procurador da República Bruno Calabrich entendeu que o caso tinha potencial para envolver um parlamentar, ou seja, pessoa que só pode ser investigada pelo STF, “em razão de haver indícios da possível participação” de Mabel.
A juíza Pollyanna Kelly Alves concordou. “A investigação alcança autoridade que ostenta foro por prerrogativa de função, neste caso o deputado federal Sandro Mabel”, escreveu ela em sua decisão de 9 de fevereiro deste ano, ao mandar a papelada para o Supremo (íntegra). O caso chegou à Procuradoria Geral da República em março.
Gurgel disse ao Congresso em Foco que a fundamentação para a investigação feita pelos procuradores não foi detalhada, e nem precisaria ser. Afirmou que bastaria algum indício de participação de Mabel no golpe da creche para se decidir pelo envio da apuração ao STF. A reportagem não conseguiu falar com Calabrich e com a procuradora que cuidou do caso, Andréia Araújo.
Mais provas
Roberto Gurgel fez uma análise preliminar do que foi juntado no inquérito 1914/11 da Polícia Federal. Segundo essa sua primeira avaliação, ainda não há “uma prova muito robusta” para que se oferecer denúncia contra Mabel neste momento. Por isso, ele vai pedir ao Supremo a produção de mais provas, que podem ser, por exemplo, os laudos grafotécnicos que faltam ser concluídos, depoimentos e quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico dos investigados e pessoas ligadas a eles.
“Temos que pedir elementos que permitam um juízo de maior certeza a respeito da responsabilidade do parlamentar”, disse Gurgel na quinta-feira passada (28). “Quando esses elementos chegarem completos e confirmarem a responsabilidade do parlamentar, aí caberia a denúncia.”
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