Fábio Góis
A modelo Sabrina Sato, apresentadora do programa Pânico na TV, da Rede TV!, vê características de super-herói no senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que desde a semana passada estampa as páginas da imprensa com uma inusitada sunga vermelha por cima do terno, em pleno Senado. Na última quarta-feira (14), Sabrina pôs a peça de banho no petista sem saber que, graças àquele gesto, o senador protagonizaria uma das mais surpreendentes cenas já registradas na Casa – com ameaça de abertura de processo por quebra de decoro pelo corregedor Romeu Tuma (PTB-SP), que acabou relevando o episódio.
Suplicy desfila de sunga e nega quebra de decoro
“Ele tem os sonhos dele. Ele tem boa vontade, e passa isso para as pessoas, de querer fazer o bem coletivo. Ele tem as boas intenções iguais às do Super-Homem. Só está difícil de realizar, é difícil nadar contra a maré”, disse Sabrina ao Congresso em Foco, saindo em defesa do senador – de quem recebeu alguns livros de presente, bem como a sunga que o levou à exposição indesejada. Em visita mais cedo ao gabinete do petista, Sabrina disse que, no ato da devolução, presentou Suplicy com uma sunga “especial”, igualmente vermelha.
“Em nenhum momento em me senti culpada, nem acho que o senador Suplicy é culpado por nada. A gente não teve intenção de desmoralizar ou tirar o poder do Senado. Eu só quis fazer uma homenagem para ele”, declarou Sabrina, dizendo-se surpresa com a repercussão das imagens. “Eu não sabia que ia acontecer isso.”
Para Sabrina, que ficou famosa depois de participar do reality-show Big Brother Brasil, da TV Globo, há situações mais imorais no Congresso que não recebem a condenação recebida por Suplicy depois do “desfile” de sunga pelo Salão Azul da Casa.
“No Senado acontecem tantas coisas, tantos escândalos, e agora vão ligar para uma sunga vermelha? Além de tudo, não é só uma sunga vermelha, ela tem uma história, é do super-homem, entendeu?”, brincou a apresentadora, acrescentando que apenas fez uma homenagem a Suplicy. “Em nenhum momento a gente ia desrespeitar nem ele nem ninguém presente no momento”, completou, lembrando ter perguntado para fotógrafos, cinegrafistas, visitantes e servidores da Casa se alguém se sentiria ofendido com o gesto.
“Não era uma pauta furada. Eu vim atrás de heróis e vilões, e achei todo mundo. Se bem que, dentro de cada um da gente, temos um pouquinho de herói e de vilão”, disse.
Questionada sobre qual super-herói Suplicy representaria em sua opinião, Sabrina evitou polemizar. “Sei lá… acho que o Superman, gente. Ele sabe muito bem voar”, afirmou, soltando um sorriso irônico em seguida, mas lembrando o “heróico” o projeto de renda mínima de cidadania, principal bandeira de Suplicy no Congresso. Antes de a entrevista ser encerrada, Sabrina demonstrou humildade ao responder se haveria dois Senados, divididos a partir de suas entrevistas irreverentes. “Imagina… Antes houvesse. Aí eu é que seria a heroína, se mudasse alguma coisa. Hoje, estou mais para anti-heroína.”
Sem pânico
No último fim-de-semana, o senador paulista se reuniu com os apresentadores do Pânico e, depois de ver como ficou o material a ser veiculado no domingo, pediu que fossem excluídas as cenas do desfile. Segundo Sabrina, não houve a mínima divergência por parte dos responsáveis pela atração, que aceitaram retirar as cenas imediatamente, sem problemas.
Suplicy pede e TV não exibirá episódio da sunga no Senado
O próprio Suplicy disse à reportagem que não restou mágoa nem mal-estar entre ele e Sabrina, ou em relação aos realizadores do programa. “Ela foi muito atenciosa, e fez questão de fazer a visita e atender ao meu pedido de poder dar meus livros a ela”, disse, acrescentando que a modelo aproveitou a ocasião e fez uma entrevista mais detalhada sobre o projeto de renda básica, que deve ir ao ar no próximo domingo (25).
“As pessoas precisam compreender que é positivo sorrir, às vezes, por algo totalmente inofensivo. Está aqui o senador Wellington Salgado [PMDB-MG], que sabe disso. Ele sabe como ter ações de bom humor”, emendou Suplicy, abordando o colega que passava no momento da entrevista.
“Eu não usaria a sunga, mas o senador Suplicy não praticou atitude de maneira a expor o Senado, de maneira alguma. Quem conhece o senador Suplicy sabe que ele é uma pessoa educadíssima, talvez o senador mais educado daqui”, opinou Wellington, lembrando que, caso queiram, os editores de arte do programa de TV podem colocar sungas virtuais em qualquer parlamentar no exercício de suas atividades diárias. “Eles fazem isso toda hora, não é isso?”
“Não houve uma intenção do senador, que na verdade quis tornar o Senado mais perto do público, e cometeu essa atitude, mas sem maldade. Já foi, o senador Romeu Tuma já entendeu.”
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