O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) chorou ao comentar a nomeação da filha, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), como nova ministra do Trabalho. Em entrevista coletiva, Jefferson disse que se emocionou por orgulho e surpresa com a indicação da filha, feita, segundo ele, pelo próprio presidente Michel Temer, com quem se encontrou nesta tarde. “É a emoção que me dá. É um resgate”, disse entre lágrimas. “Não foi indicação. Eu não indiquei. Surgiu”, acrescentou.
Depois de cumprir pena de prisão no caso do mensalão, o presidente do PTB declarou que o episódio ficou no passado e que vai se candidatar a deputado federal. Mas, em vez de concorrer pelo Rio de Janeiro, estado pelo qual sempre se elegeu, desta vez vai disputar a corrida à Câmara dos Deputados por São Paulo. “O PTB nacional só será grande se for grande em São Paulo. É preciso fazer o partido crescer em São Paulo”, afirmou. Jefferson disse que as pesquisas que ele tem em mãos mostram seu capital político entre os paulistas.
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O ex-deputado contou que se reuniu com Temer para discutir nomes para o Ministério do Trabalho. De acordo com ele, o próprio presidente questionou se Cristiane não aceitaria o cargo. O ex-deputado disse que fez, então, o contato com a filha, que aceitou não se candidatar à reeleição este ano em troca do cargo.
O prazo para ministros que desejam disputar as eleições termina no início de abril. Por esse motivo, Temer queria alguém que assumisse o compromisso de não se candidatar.
O nome de Cristiane recebeu o aval da bancada do PTB na Câmara. Ela substituirá o também deputado petebista Ronaldo Nogueira (RS), que entregou o cargo semana passada. A escolha da nova titular da pasta ocorre um dia após Temer ter desistido de nomear o deputado Pedro Fernandes (MA) a pedido do ex-presidente José Sarney (PMDB), com quem está rompido politicamente.
Cristiane Brasil exerce o seu primeiro mandato federal. Antes, foi vereadora no Rio por três legislaturas. Em abril de 2016 ela votou a favor da abertura de processo de impeachment da ex-presidente Dilma. Com a chegada de Temer ao poder, Roberto Jefferson voltou a ter influência no governo. Seu nome chegou a ser cogitado para o ministério. A deputada também votou a favor da reforma trabalhista, da ampliação das possibilidades de terceirização e da PEC do Teto dos Gastos, consideradas vitórias legislativas importantes de Temer. Ela se posicionou a favor do presidente ao ajudar a barrar as duas denúncias criminais contra o peemedebista no ano passado.
Delator do mensalão, Roberto Jefferson foi condenado à prisão por também receber recursos do esquema de corrupção em troca de apoio parlamentar. Em 1992 ele ficou conhecido como o líder da tropa de choque do então presidente Fernando Collor no processo de impeachment.
Outros dois petebistas estavam no páreo para assumir o Ministério do Trabalho. Sérgio Moraes (RS), que ficou conhecido em 2009 ao dizer que se “lixava” para a opinião pública ao defender um colega denunciado no Conselho de Ética, e Josué Bengtson (PA), que chegou a ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal no caso da máfia das ambulâncias. Mas, devido à idade, ele escapou da punição, porque o crime prescreveu.