Parlamentares ouvidos pela reportagem foram cautelosos ao comentar os fatos que envolvem Mário Couto no Pará, que costuma ir à tribuna bradar contra a corrupção “instalada pelo governo Lula”. Correligionário do senador paraense, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), evitou fazer pré-julgamento.
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“Eu desconheço esse fato, e tenho dificuldade de acreditar que seja verdade. Creio que, primeiro, é preciso ouvi-lo para saber da veracidade dessas informações que chegam do Pará. O governador tem muitos inimigos em seu estado, adversários figadais que não o poupam em circunstância alguma”, ponderou o tucano, acrescentando que Mário Couto disse-lhe não ver constrangimento em falar sobre o tema jogo do bicho. “Como colega de bancada, não posso fazer qualquer avaliação sem conhecer os fatos na sua inteireza.”
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Confrontado com a informação de que Mário Couto foi retratado como “porta-voz” dos bicheiros por jornais paraenses em 1988, Alvaro Dias adiantou: “Ele disse que vai tratar desse assunto da tribuna. Já me informou e, provavelmente, a outros colegas de partido, que tratará abertamente sobre o assunto na tribuna do Senado”, reforçou o líder partidário, membro da CPI do Cachoeira, que investiga justamente as atividades criminosas operadas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeiras, em uma teia de relacionamentos que envolve agentes públicos e privados, entre eles o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Relação incompatível
Já o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), também membro titular da CPI mista, condenou a relação entre mandatários e contravenção. “É incompatível com o comportamento parlamentar qualquer envolvimento com organização contraventora. Simples assim. Seja quem for – seja o Randolfe, seja o líder de qualquer outro partido”, disse o senador amapaense, referindo-se ao fato de que Mário Couto também é líder no Senado, do bloco da Minoria (PSDB-DEM).
Já o deputado Cláudio Puty (PT-PA), que por motivos geográficos conhece mais de perto a atuação de Mário Couto, diz que ele foi “o maior bicheiro do Pará”. E todos os cidadãos paraenses sabem disso, diz Cláudio.
“É reconhecido na sociedade paraense que o senador tinha envolvimento com o jogo do bicho, como demonstram os jornais da época. O fato de negar ações ilícitas praticadas no passado faz parte da rotina do senador”, fustigou o deputado, que vê semelhanças entre Mário Couto e Demóstenes Torres, que costumava subir à tribuna do plenário para discursar contra a corrupção. “Ele pousa de paladino da moralidade no Senado. É muita cara de pau! Acho que ele é pior do que o Demóstenes”, comparou o deputado petista.