O juiz titular da 11ª Vara Federal de Goiânia, Leão Aparecido Alves, pediu para ser investigado para se confirmar ou negar que ele seja o autor dos vazamentos da Operação Monte Carlo. O caso será apurado pela Corregedoria do Tribunal Regional da 1ª Região.
Bicheiro amigo de juiz avisou Cachoeira da Operação
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A corregedora nacional de Justiça confirmou a existência da investigação sobre Leão. “Isso existe na Corregedoria regional. É um requerimento do juiz Leão, que ficou preocupado com uma notícia de que ele era amigo de alguém e que houve um telefonema de um parente dele”, contou ela, depois da reunião que teve com o juiz Paulo Augusto Moreira Lima e com o presidente da associação dos juízes (Ajufe), Nino Toldo. Moreira Lima era o responsável pela Operação Monte Carlo, e pediu para ser afastado alegando pressões e ameaças. Leão é amigo do contraventor José Olímpio de Queiroga Neto, que repassou informações detalhadas da Operação Monte Carlo para Cachoeira.
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Em uma entrevista ao jornal O Popular, em abril passado, Leão havia negado a hipótese de ter repassado informações à quadrilha. Disse que, se isso tivesse acontecido, as prisões teriam fracassado. Os grampos da PF mostram que as coisas não aconteceram bem assim. A quadrilha, de fato, teve todas as informações sobre a operação da PF. Só não acreditou nelas (LINK PARA MANCHETE). Eliana Calmon minimizou a hipótese de violação de sigilo. “Se vazou, vazou, mas não surtiu efeito.”
O Congresso em Foco apurou que Paulo Augusto Moreira Lima chegou a procurar interlocutores em Brasília para reclamar dos vazamentos. Primeiro, falou com o então corregedor do TRF-1, Cândido Ribeiro. Mas o desembargador não teria recebido bem a suspeita contra o colega Leão Aparecido e ainda teria aconselhado Moreira Lima a deixar o caso de lado.
Considerando-se abandonado, o juiz foi conversar com representantes do Conselho Nacional de Justiça. Depois disso, o CNJ mandou um juiz a Goiânia para apaziguar os ânimos de Moreira Lima e Leão
O desembargador Cândido Ribeiro até confirma o clima de animosidade entre os dois magistrados. Mas ele deu outra versão ao Congresso em Foco. Ele disse que, antes das prisões da Monte Carlo, Moreira Lima só conversou com ele sobre a necessidade de ter sua segurança aumentada. Nada teria dito a respeito de vazamentos ilegais, cuja suspeita seria sobre o colega Leão Aparecido.
Ribeiro disse ao site que, com a sua intervenção, Moreira Lima ganhou um carro blindado do foro de Goiás. Depois, afirmou o desembargador, o juiz mandou-lhe um ofício dizendo que não precisava mais de proteção de policiais federais, porque a Polícia Federal de Goiás já estava ajudando. A reportagem lembrou a Ribeiro que a PF de Goiás estava sendo alvo da Operação conduzida por Moreira Lima, mas o desembargador manteve a afirmação.
Ontem, o Congresso em Foco procurou Leão em Brasília, após a conversa que o juiz teve com Eliana Calmon, mas ele não falou com os jornalistas. A reportagem ainda deixou recados com seus assessores na Vara e no setor de comunicação do foro. Não houve retorno.
Quem deve conduzir a investigação contra Leão no TRF-1ª é o atual corregedor, o desembargador Carlos Olavo.
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