O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), comparou o governo do presidente Michel Temer à gestão do ex-presidente Arthur Bernardes (1922-1926), considerado “de vingança contra os trabalhadores” da época e um dos mais reacionários e conservadores do período republicano. A comparação foi feita por Renan em reunião com as centrais sindicais para discutir como barrar a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária em discussão no Congresso. E não é a primeira vez: como este site mostrou em 4 de abril, o peemedebista já havia comparou a gestão Temer à “seleção de Dunga”: “Queremos a seleção do Tite”, disse.
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Com a comparação histórica, o líder da maior bancada do Senado aprofunda seu descontentamento com a gestão Temer, que é presidente de honra do seu partido. Renan sugeriu aos dirigentes das centrais com quem se reuniu que mobilizem as categorias de trabalhadores para colocar “povo nas ruas” e pressionar o Congresso a rejeitar as modificações na relações capital-trabalho – já aprovada na Câmara e em discussão no Senado – e a da Previdência, em votação pelos deputados.
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No encontro marcado simbolicamente para a sala de Renan, o líder do PMDB parabenizou as centrais sindicais pela greve geral e foi aplaudido pelos dirigentes indicais. Renan considera as reformas trabalhistas e da Previdência contrárias aos interesses dos trabalhadores e das regiões mais pobres do país.
“A reforma trabalhista parece incoerente porque acaba om a contribuição sindical dos trabalhadores e mantém o sistema “S”, a quem interesse isto”, questionou Renan ao se referir ao Senac, Senai Sesc e Senar, entidades mantidas pelo imposto sindical distribuído ao sistema sindical empresarial representado pelas confederações nacionais da indústria, do comércio e da agricultura.
Estavam presentes à reunião com as centrais os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Gleisy Hoffmann(PT-PR) e Vanessa Gaziottin (PCdoB-AM).
Aliado oposicionista
Com sua posição desta quarta-feira (3), Renan dá mais um passo para ser o principal líder da oposição no Senado – mesmo na condição de coordenador da bancada do partido de Temer e ex-presidente do Congresso quando foi aprovado o impeachment que retirou do cargo a ex-presidente presidente Dilma Rousseff, com o seu apoio.
Quando assumiu a liderança, Renan passou a dar declarações contra as alterações nos critérios para as aposentadorias e durante a discussão do projeto de terceirização de mão de obra que foi aprovado e virou lei. Renan sabe que o Palácio do Planalto está tentando destituí-lo da liderança do partido desde que ele suspendeu a indicação de três senadores do PMDB para a comissão mista de Orçamento por discordar da nomeação do deputado Cacá Leão (PP-BA) pelo líder do maior bloco da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), seu conterrâneo e adversário político local.
Na semana passada Renan foi a favor que o projeto de reforma trabalhista passasse por três comissões, principalmente pela de Constituição e Justiça, contrariando mais uma vez os interesses do Planalto e do presidente do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE). A discussão do projeto em três comissões atrasaria a votação no plenário.
“Me perguntaram se é incoerente ser líder do PMDB e defender os interesses dos trabalhadores. Quem pode dizer isto é o partido, mas não vejo incoerência”, disse Renan. E acrescentou: “Se a bancada (do PMDB) aceitar o (senador Roberto) Requião como líder, renunciou agora”, concluiu.
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