O ministro do Esporte, Orlando Silva, partiu para o ataque nesta terça-feira (18) contra as recentes denúncias de desvio de verbas do programa Segundo Tempo. Em audiência pública de duas comissões na Câmara, com ampla maioria governista, disparou que seu principal acusador não tem provas para apresentar. Silva disse ter autorizado a quebra dos sigilos bancário e telefônico para futuras investigações.
“Ele não provou porque não tem provas, quem tem provas do malfeito sou eu”, disparou Silva, fazendo menção ao policial militar João Dias Ferreira. Filiado ao PCdoB, mesmo partido de Silva, Ferreira é responsável pela Federação Brasiliense de Kung Fu e pela Associação João Dias de Kung Fu, organizações não governamentais (ONGs) com as quais o ministério firmou dois convênios.
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Apesar de integrantes da oposição terem apresentado requerimentos de convocação, o ministro se antecipou e decidiu comparecer à Câmara para a audiência conjunta das de Turismo e Desporto (CTD) e Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). No momento em que Silva afirmou ter provas contra Ferreira, foi aplaudido. Além de uma ampla maioria governista, a sala onde ocorre a reunião está repleta de apoiadores do ministro.
Segundo o ministro, que voltou a chamar Ferreira de “desqualificado”, “criminoso”, “fonte bandida”, os convênios foram assinados entre 2005 e 2006. No ano seguinte, começaram as fiscalizações para saber se os contratos foram cumpridos. Orlando Silva afirmou que, como foram comprovadas irregularidades, o dinheiro repassado deve ser devolvido aos cofres públicos. “A atitude desde 2008 é de combater o mal feito, quem combate a corrupção é o ministério do Esporte. Quero reafirmar o compromisso de não só fiscalizar, mas exigir a devolução”, disse.
Ao comentar as denúncias, em tom elevado, Silva comparou as matérias repercutindo as recentes denúncias com um “tribunal de exceção”, tangenciando para o “facismo”. “As acusações foram negadas, mas mesmo assim acabaram publicadas. Não foram poucas as vezes que informamos serem falsas as acusações e dissemos que tomaríamos medidas judiciais caso as inverdades fossem perpetradas”, afirmou. Ele apresentou cópias dos pedidos de investigação feitos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
“Solicitei abertura de apuração para desnudar tudo que está escrito naquela reportagem. Encaminhei pedido de audiência à comissão de ética pública para apresentar minha versão”, disse o ministro. No fim de sua exposição, Orlando Silva disse que a orientação da presidenta Dilma Rousseff é “republicana”, de atender os pedidos de convênio e liberação de verbas independentemente de partido. Ao dizer isso, foi novamente aplaudido pelos presentes.
PublicidadeNo início da sessão, poucos oposicionistas estavam presentes à reunião. No entanto, os tucanos foram os primeiros a questioná-lo. O deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) sugeriu a criação de uma CPI para investigar o programa Segundo Tempo. Já Vanderlei Macris (PSDB-SP) comparou Silva ao ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. “Ele não compareceu e acabou caindo do ministério”, afirmou. O tucano paulista, depois, questionou o ministro sobre as irregularidades denunciadas por Veja. Já Fernando Francischini (PSDB-PR) baixou o tom. Disse que, como delegado da Polícia Federal, está acostumado a olhar bandidos nos olhos. “Dá para ver que o senhor não é bandido.”
Durante a sessão, os principais líderes oposicionistas estavam reunidos com o policial militar autor das denúncias na liderança do PSDB no Senado. Ferreira disse aos deputados e senadores presentes que compareceu ao Congresso para pedir proteção e chegou a ironizar os aplausos recebidos pelo ministro do Esporte durante a audiência conjunta.
Colaborou Mariana Haubert
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