O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) entregou, no início da tarde de hoje (quinta, 15), um requerimento à Câmara pedindo a criação de Comissão Externa para acompanhar, na cidade do Rio de Janeiro, as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Pedro Gomes.
Marielle era socióloga e ativista dos direitos humanos no Rio de Janeiro. No documento, a legenda cita que quatro dias antes do seu assassinato Marielle fez uma denúncia em seu perfil nas redes sociais contra policiais do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari. Associam ainda o fato da ativista ter, há duas semanas, assumido a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio.
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Ato na Câmara
O pedido foi anunciado durante sessão solene na Câmara, em Brasília. Revoltados com o assassinato da vereadora e de seu motorista, deputados e senadores do Psol, além de militantes de movimentos sociais, organizaram um ato na Casa. Com cartazes e girassóis nas mãos, os manifestantes gritavam o nome de Marielle. Aos gritos de “fascistas, machistas, não passarão!”, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidiu a sessão. Ao final, o presidente da Câmara avisou que criará a comissão pedida pelo Psol.
Com o plenário lotado por mulheres e homens de movimentos feministas, lésbicas, negras e defensores dos direitos humanos, Maia, que é favorável à intervenção, foi alvo de vaias, assim como o presidente Michel Temer (MDB), que não estava presente, mas teve gritos de “fora Temer!” e “golpista” direcionados a ele.
Veja o vídeo do momento em que os manifestantes se encaminhavam para o plenário da Câmara:
A intervenção militar no estado, assim como a Polícia Militar, também foram alvos de discursos e gritos de militantes e congressistas. Deputados como Miro Teixeira (Rede-RJ), Edmilson Rodrigues (Psol-PA), Júlio Delgado (PSB-MG), Luiza Erundina (Psol-SP), Erika Kokay (PT-DF) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) participaram do ato, que não teve presença expressiva de congressistas.
A ativista Luana Ferreira, uma das coordenadoras da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), da qual Marielle fazia parte no Rio de Janeiro, culpou a atuação da PM e o atual governo pelos assassinatos.
“A nossa indignação vem muito do jeito como o país tem tratado os casos de violência e como quem pratica violência contra defensoras e defensores de direitos humanos tem ficado cada vez mais à vontade nesse país. A estrutura militar no nosso país é totalmente equivocada, absolutamente arbitrária e abusiva. A Polícia Militar já vinha fazendo um trabalho sujo há muito tempo e, nesse momento, com a intervenção isso se fortalece porque cria um âmbito de intervenção e impunidade para esses militares e para essas quadrilhas e grupos de extermínio em especifico”, ressaltou a coordenadora da AMB.
Ela, assim como boa parte dos manifestantes, pediu o fim da intervenção no Rio de Janeiro e da Polícia Militar no estado. “Que os assassinatos de pessoas, no Rio de janeiro em especial, sejam investigados no sentido de que articulação criminosa militar cometeu. É obvio para gente que, no discurso dos governantes atuais, principalmente desses que são a favor da intervenção militar, que é a polícia que está exterminando a juventude negra, as mulheres negras. A gente quer, especificamente, que a Polícia Militar e a intervenção militar saiam e se retirem do Rio”, pediu.
Morte
Marielle Franco, que estava em seu primeiro mandato na Câmara do Rio pelo Psol, foi assassinada dentro de seu carro, com quatro tiros na cabeça, na noite de ontem (quarta-feira,15). A vereadora foi eleita a quinta mais votada da cidade. O assassinato ocorreu por volta das 21h30. Investigadores da Polícia Civil recolheram pelo menos oito cápsulas. Uma assessora, sentada ao lado, foi atingida apenas por estilhaços. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil trabalha com a hipótese de ter sido uma execução. Nos últimos dias, pelo Facebook e pelo Twitter, ela vinha denunciando a violência da Polícia Militar.
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