Fábio Góis
Com apenas dois senadores eleitos, o Psol anunciou hoje (segunda-feira, 31) que lançará uma candidatura de protesto contra a permanência de José Sarney (PMDB-AP) à frente da Presidência do Senado. O escolhido da legenda é o mais jovem componente eleito da Casa, Randolfe Rodrigues (AP), de 38 anos. Na semana passada, Sarney disse que, por aclamação partidária, faria o “sacrifício” de ser reconduzido ao posto, que já exerceu em outras três ocasiões.
Leia a entrevista concedida pelo senador ao Congresso em Foco:
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“Baseado no programa político apresentado na semana passada e com uma proposta de renovação e resgate da ética no Senado Federal, o Psol apresentará candidatura própria para a presidência do Senado”, anunciou a assessoria do partido, lembrando que Randolfe foi, em números absolutos, o mais votado senador da história do Amapá (203.259 votos).
“A ideia da candidatura é apresentar uma alternativa. Como diz Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Ainda mais em um espaço como o Parlamento federal. Esse é um espaço da diversidade, não pode ser espaço de imposições. Não é bom para a democracia brasileira que esse espaço seja monolítico”, discursou Randolfe, ressalvando que a decisão do partido não representa o lançamento de um “anticandidato”.
“Nós não temos um anticandidato. Queremos apenas que o Senado exerça seu papel, de acordo com nosso mandamento constitucional, de acordo com o que se espera de um Senado republicano. Compreendemos que o Senado deve se colocar autonomamente, dentro da estrutura constitucional brasileira”, acrescentou o senador, que conversou mais cedo com Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
“Fiz uma visita ao senador Randolfe. Acho muito positivo que haja dois candidatos, que cada um possa apresentar sua plataforma. Vamos ouvir o diálogo, o debate, é da democracia”, disse Suplicy ao Congresso em Foco, sem adiantar em quem votará (nesse caso, o voto também é secreto). “Nós do PT, a princípio, vamos acatar a decisão majoritária do partido, mas eu quero ouvir o debate e as reflexões de cada um.”
Suplicy e Cristovam sugeriram a saída de Sarney do comando da Casa em 2009 (Cristovam foi o primeiro a fazê-lo, aliás), à época do caso dos atos administrativos secretos – uma das mais graves e duradouras crises da instituição, que ficou paralisada por cerca de seis meses.
Relembre:
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Mesmo membro de um dos menores partidos do Congresso, Raldolfe diz acreditar em uma vitória na eleição para a Presidência do Senado, a ser realizada amanhã (terça, 1º), depois da posse dos congressistas da nova legislatura (2011-2014). “Em nunca entrei em uma disputa para não ganhar. Estou definido como candidato a partir de hoje, e já estou trabalhando para ganhar a eleição”, enfatizou Raldolfe, para quem a candidatura representa não só renovação e transformações, mas também uma resposta à “dramática crise” vivida pela Casa. “No mínimo, o Senado tem de fazer uma autocrítica sobre o que foram os últimos quatro anos.”
O outro nome da legenda no Senado é o da senadora Marinor Britto (PA), beneficiada pela Lei da Ficha Limpa, que barrou a eleição de Jader Barbalho (PMDB-PA) e Paulo Rocha (PT-PA). Marinor, que havia ficado em quarto lugar nas eleições de outubro do ano passado, será a líder da bancada do Psol na Casa.
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