Para justificar a decisão, o PSB diz que o PMDB, “na condição de maior partido da Casa”, teria a prioridade na indicação para o posto, em razão dos critérios de proporcionalidade, mas não o fez. Extraoficialmente, Renan Calheiros (AL), titular do cargo no último biênio, representaria os peemedebistas no pleito. E, segundo informações de bastidor, teria franco favoritismo em relação a quem viesse a lançar candidatura – até ontem (terça, 28), quando o também peemedebista Luiz Henrique da Silveira (SC) anunciou que está no páreo e começou a arregimentar apoiamentos, principalmente entre os senadores de oposição. Aliás, apenas ele e Valadares formalizaram candidatura até o momento – a segunda, ainda pendente de confirmação. Pesa contra Renan, no entanto, as menções ao seu nome entre os investigados pela Operação Lava Jato, acusações que ele nega.
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Ontem (terça, 27), após um dia de reuniões, Lídice e seus correligionários resolveram respeitar não só o critério da maioria – maior partido do Senado, o PMDB tem 19 senadores – na indicação para a Presidência, mas manifestar também o desejo de apoiar um senador que acate suas propostas para a Casa – entre elas a votação de um projeto de reforma política e a retomada das discussões em torno de um pacto federativo “que fortaleça estados e municípios”. Luiz Henrique já se manifestou favorável a ambas, o que pode representar o apoio do PSB para sua candidatura, com a consequente desistência de Valadares.
Com a indefinição da bancada do PMDB, especificamente de Renan Calheiros, alega o PSB, as propostas do candidato oficial não são conhecidas. Como lembram os peessebistas, o eleito comandará também o Congresso Nacional. “Coerentes com a posição de independência aprovada pela Direção Nacional do Partido, a bancada socialista não pode aceitar esse processo e defende que os candidatos e suas propostas sejam apresentados com a antecedência necessária para o saudável e democrático debate político, não só entre os senadores e os partidos políticos, mas, principalmente, com a sociedade brasileira”, diz trecho do comunicado.
O PSB defende ainda a reforma tributária e mudanças no regimento interno do Senado, com vistas a democratizar a Casa e aumentar a participação de todos os senadores nas comissões temáticas. O objetivo, diz o partido, é romper “a atual centralização e concentração de poderes nas mãos de um seleto e reduzido grupo, que por cerca de duas décadas se revezem no poder”. Trata-se de um recado ao grupo formado por Renan Calheiros e José Sarney (PMDB-AP), que já comandou o Senado por quatro vezes.
Fator Luiz Henrique
PublicidadeEm meio à indefinição de Renan, membros do PMDB se movimentam a três dias das eleições. Ex-presidente nacional do partido, Luiz Henrique recebeu em seu gabinete em Brasília, nesta quarta-feira (28), oito senadores, entre recém-eleitos e veteranos. Os parlamentares, de diversos partidos, foram manifestar o apoio a uma candidatura não de oposição ao grupo de Renan, mas de “renovação” do comando.
Mais cedo, o próprio Luiz Henrique foi ao gabinete de Renan dizer que disputaria o posto – Renan tentou convencê-lo a deixar essa decisão para a bancada, internamente, e não expor a legenda publicamente, rachando-a em torno da eleição. A sugestão foi rejeitada, e o catarinense disse que quem deve resolver a questão é o conjunto do Senado, às claras, em plenário.
A visita a Renan, disse Luiz Henrique, foi para pedir-lhe apoio. “Ele não disse nem que era candidato nem que não era”, informou Luiz Henrique, acrescentando que falou com o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, e ele não tentou demovê-lo da decisão. “[Renan] falou que, como presidente, estava imaginando discutir esse assunto na bancada. Eu disse que espero que ele construa na bancada o consenso em torno do meu nome, já que tenho apoio de praticamente todos os partidos. O que não me permite mais dar um passo atrás. O sentimento [de renovação] do Senado é tão forte que não posso deixar de concorrer.”
Estiveram na reunião com Luiz Henrique, entre outros, os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES), cujo nome chegou a ser cogitado para o pleito, Ana Amélia (PP-RS), Laisier Martins (PDT-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Romário (PSB-RJ) e Fernando Coelho (PSB-PE). Eles evitaram dar declarações sobre a reunião, mas adiantaram que devem formalizar uma chapa já na sexta-feira (30), com definição de apoio a Luiz Henrique e de representantes para a composição da Mesa Diretoria (vice-presidência e secretários).