Os marqueteiros João Santana e Mônica Moura prestaram depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, nesta segunda-feira (5) e afirmaram que os pagamentos para a campanha à reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, eram feitos via caixa 2 por opção do próprio PT. Segundo eles, pelo menos R$ 10 milhões foram pagos dessa forma.
Segundo João Santana, o ex-ministro Antonio Palocci foi o responsável pela proposta para que os pagamentos não-contabilizados via caixa dois fossem realizados em uma conta no exterior. De acordo com ele, Lula sabia dos pagamentos, apesar de nunca terem tratado sobre valores ou formas de repasse. Contudo, Santana afirmou ter reclamado “duas ou três vezes” com Lula, até mesmo depois das eleições, sobre atrasos nos pagamentos.
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“Eu não conheci nenhum candidato que não soubesse dos detalhes da administração financeira da sua campanha”, afirmou o marqueteiro. Já a publicitária Mônica Moura afirmou que nunca tratou de temas financeiros com Lula.
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Os delatores prestaram depoimento no processo que atribui o sítio de Atibaia ao ex-presidente e cujas reformas realizadas pelas construtoras OAS e Odebrecht foram fruto de vantagens ilícitas a Lula.
João Santana afirmou ter pedido a Palocci que todos os pagamentos fossem feitos, naquele momento, via caixa 1. “Quando estava para se negociar o contrato, eu falei com o Palocci que, tendo em vista a crise que eles tinham vivido, era fundamental que essa campanha não tivesse caixa 2”, afirmou Santana em referência ao mensalão.
A princípio, disse o delator, o ministro teria concordado, mas depois afirmou que não conseguiria fazer todos os pagamentos de forma lícita. Como “solução segura”, Palocci sugeriu a abertura de conta no exterior.
Mônica Moura afirmou ao juiz que pelo menos R$ 10 milhões dos R$ 18 milhões destinados à campanha de reeleição de Lula em 2006 foram pagos via caixa 2 por opção do partido. Segundo ela, todas as tratativas sobre pagamentos eram feitas com Palocci, sendo que “nunca falou de dinheiro com o presidente Lula”
Mônica afirmou que “não se faz campanha no Brasil” sem caixa 2. “Se alguém disser que faz não está falando a verdade”, afirmou. Ela disse ainda que preferia que os pagamentos fossem feitos via caixa 1 e que conseguiu aumentar o valor pago de maneira lícita. Para a marqueteira, os pagamentos tinham menos risco e não tinha que “carregar mala de dinheiro para lugar nenhum”.
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