O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci (PT) disse que poderá dar “mais um ano de trabalho” à Operação Lava Jato, contando “nomes” e “operações”, numa indicação de acordo de delação premiada com os integrantes da força-tarefa. O também ex-deputado e ex-prefeito de Ribeirão Preto é o primeiro integrante da cúpula petista a admitir colaborar com as investigações em troca da redução de sua pena. Palocci está preso em Curitiba desde setembro. “Apresento todos os fatos com nomes, endereços e operações realizadas. Posso lhe dar um caminho que vai lhe dar mais um ano de trabalho, que faz bem ao Brasil”, prometeu.
Em seu depoimento, Palocci afirmou que a Lava Jato “realiza uma investigação de importância” e reiterou seu desejo de colaborar com as investigações. “Fico à sua disposição hoje e em outros momentos porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o senhor quiser. Se o senhor estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o senhor determinar, eu, imediatamente, apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser, certamente, do interesse da Lava Jato”, disse o ex-ministro ao juiz.
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Integrantes do mercado financeiro demonstraram preocupação, nos últimos dias, com a possibilidade de Palocci delatar a atuação de bancos no sistema ilegal de financiamento de campanhas eleitorais devido ao seu trânsito livre entre as instituições financeiras, consolidado desde a época em que ele foi ministro da Fazenda, no primeiro governo Lula.
Todas as campanhas
PublicidadeO petista disse que há caixa dois em todas as campanhas eleitorais. “Eu não me sinto em condições de falar o que todo mundo está falando, que nada existiu, que tudo foi aprovado nos tribunais. Não, todo mundo sabe que teve caixa dois em todas as campanhas. Não vou mentir sobre coisas”, declarou. “Inclusive do Partido dos Trabalhadores?”, questionou Moro. “De todos os partidos, pelo menos dos grandes partidos, é uma situação mais que óbvia e conhecida por todos”, respondeu.
Palocci negou ser o “Italiano” da planilha do departamento de propina da Odebrecht assim como ter recebido propina em troca de favorecimento para a empreiteira nos governos Lula e Dilma ou ter autorizado pagamentos irregulares na primeira eleição da petista, da qual foi coordenador. “‘Italiano’ pode ser eu como 40 milhões de brasileiros. Ninguém na Odebrecht nunca me chamou de ‘Italiano’”, declarou.
Sondas
O ex-ministro foi interrogado na ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva em que é acusado de receber dinheiro em troca de ajuda à Odebrecht em contratos de afretamento de sondas com a Petrobras. Conforme a denúncia, Palocci participou de um “amplo e permanente esquema de corrupção” com a empreiteira, entre 2006 e 2015, para atender a interesses do grupo no governo.
O Ministério Público acusa o ex-ministro de ter atuado como ministro e integrante do Conselho de Administração da Petrobras para que o edital lançado pela companhia para a contratação de 21 sondas fosse direcionado para que a Odebrecht vencesse a licitação e alcançasse grande margem de lucro.
“Nunca pedi recurso para sondas, nunca, jamais. Aliás, um dado a mais. A Sete Brasil (empresa apontada como intermediária na contratação pela Odebrecht de sondas com a Petrobras) é uma empresa privada, é propriedade de bancos. Não sei como um agente público poderia pedir apoio. Nunca pedi recursos fora do Brasil e nunca pedi ou operei caixa dois, mas ouvi dizer que existia em todas as campanhas, isso é um fato”, disse o ex-ministro a Moro.
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